A primeira dama do sertanejo Consagrada pelo povo, Roberta Miranda reúne seus maiores sucessos na apresentação marcada para hoje, no Teatro Guararapes

Allan Lopes

Publicação: 09/05/2025 03:00

 (PAOLO MARTINELLI/DIVULGAÇÃO)
Única mulher em uma família de professores, a paraibana Maria Albuquerque Miranda deveria seguir a tradição e tornar-se educadora. Mas a sua voz era potente demais para as paredes de uma sala de aula. Desafiando normas, trocou o giz pelo palco, adotou o nome artístico de Roberta Miranda e, com sua rebeldia inata, conquistou o trono do sertanejo — um território então dominado por homens e distante do Nordeste natal. Hoje, às 21h, no Teatro Guararapes, essa trajetória inspiradora será celebrada com o show Infinito, dedicado às mulheres que, como a artista, recusam-se a se contentar com pouco.

Mais que uma celebração dos 40 anos de carreira, Infinito é uma homenagem ao público fiel que acompanha sua trajetória há décadas. Realizado às vésperas do Dia das Mães, o espetáculo ganha contornos ainda mais especiais. ”Esse projeto é um espelho da mulher brasileira, com toda paixão, garra e força que carregamos. Podem esperar muitas joias”, destaca a cantora, em conversa exclusiva com o Viver.

O título escolhido é a metáfora perfeita para quem não enxerga um ponto final na arte. “Hoje, o público que me acompanha já está na quarta geração. É uma história construída dia após dia, ano após ano. Por isso, encaro esse momento como uma festa. E tenho muito orgulho de saber que foi o povo que consagrou Roberta Miranda como rainha de um gênero tão masculino”, celebra ela, falando de si na terceira pessoa.

O repertório do show reflete a grandeza de uma artista que está entre as mais bem-sucedidas da música popular brasileira. Roberta Miranda passeia por seus maiores sucessos, entre eles Majestade o Sabiá, hino lançado pelo saudoso Jair Rodrigues, Sol da Minha Vida e Vá com Deus, mas também surpreende com pérolas como Garçom, clássico do pernambucano Reginaldo Rossi, com quem a artista gravou um feat em 1999. “Tem músicas românticas, claro, mas é um espetáculo dançante, cheio de energia, que desperta saudade viajando no tempo. É pura emoção”, avisa a paraibana.

E essa emoção tem endereço certo: suas raízes nordestinas. Responsável por abrir espaço para a música sertaneja na região, Roberta nunca deixou de levar consigo o sotaque musical da sua terra. “Claro que o forró está presente, porque não pode faltar de jeito nenhum”, garante a cantora, que emplacou nas rádios, nos idos de 1986, Meu Dengo. “O show é eclético, sim, mas o alicerce é o gênero que me abraçou, o qual eu represento com muito orgulho”, completa.

Nos anos 1960, quando trocou João Pessoa por São Paulo, ela mal podia vislumbrar o futuro que a aguardava. Hoje, Roberta Miranda não só tem lugar cativo no panteão da canção brasileira como pavimentou o caminho para que toda cantora sertaneja possa sonhar em ser, quem sabe, uma nova Roberta. “Fui visionária, sempre olhando tudo pela perspectiva feminina. É um grande orgulho ter ajudado essa nova geração a ganhar o mundo”, afirma a artista, cuja história não se mede em discos vendidos, mas em portas abertas para quem veio depois.