Uma tensão sem fim em Alcaçuz
Penitenciária teve, ontem, o 6º dia de rebelião, com duas mortes, confrontos com a PM e tentativa de assassinato do diretor da unidade
Publicação: 20/01/2017 03:00
Penitenciária se transformou em um campo de batalha |
Ao longo do dia, o ponto em disputa era o pavilhão 3 da unidade, antes ocupado por detentos considerados neutros e também por aqueles ligados ao SDC. Perto dali, integrantes do PCC, que ganharam força desde o massacre do sábado, quando mataram 26, queriam avançar ainda mais no território e conquistar mais um pavilhão - além do 5, o 4 já havia passado para a organização de origem paulista. Essa disputa, travada com armas artesanais, entre lanças e escudos, e com os pés na areia, representou o confronto mais intenso entre as partes na cadeia desde o início da semana.
O sexto dia de rebelião em Alcaçuz começou cedo. Nas primeiras horas da manhã, detentos de lado a lado voltaram a ocupar os telhados dos pavilhões e traçar objetivos para ameaçar e confrontar a parte rival. Do alto dos muros, o barulho dos disparos de armamento não letal efetuados por PMs e agentes penitenciários ecoavam na região, além das explosões das bombas de efeito moral. A corporação queria evitar à bala a aproximação dos grupos criminosos.
No meio da manhã, a tensão aumentou e os ataques se sucederam com pedras, paus, lanças e até com disparos de arma de fogo. No momento de maior conflagração, o diretor da unidade, Ivo Freire, subiu em uma das guaritas e virou alvo dos presos. Um tiro de arma de fogo disparado em sua direção com intenção de matá-lo atingiu a parede da guarita, esfarelando o cimento atrás dele. No presídio, o cenário visto desde o domingo passado continuava: bandeiras hasteadas e falta de controle sobre a circulação dos presos. Vários detentos feridos foram retirados por colegas. À noite, o governo confirmou duas mortes.