João de Deus já era investigado em Goiás Denúncias de abuso sexual estavam sendo apuradas pelo Ministério Público de Goiás e pela Polícia Civil

Publicação: 10/12/2018 03:00

O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) informou ontem que já apurava denúncias de abuso sexual envolvendo o médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, de Abadiânia. As investigações estão em curso. Na madrugada de sábado, o programa da TV Globo “Conversa com o Bial” trouxe 10 relatos. O Estado obteve um depoimento de uma estudante de São Paulo, que pretende procurar a Justiça, depois dos casos virem a público.

O Estado conversou sábado com a jovem, que preferiu não se identificar, mas vai procurar esta semana o Ministério Público para formalizar a denúncia. “Não quero dinheiro, quero Justiça”, afirmou. Os abusos teriam ocorrido desde 2016, em quatro ocasiões distintas. Antonia (nome fictício), de 28 anos, foi a Abadiânia pela primeira vez em 2015. Depois, começou a atuar como guia. Sua responsabilidade era levar pessoas de São Paulo.

Segundo o Ministério Público, outras denúncias foram encaminhadas à Polícia Civil do Estado de Goiás (PC-GO) ainda no primeiro semestre deste ano para que fossem investigadas. Procurada, a assessoria de Imprensa da Polícia Civil confirmou que, de fato, existe um inquérito em curso na Delegacia Estadual de Investigações Criminais (DEIC) há cerca de três meses, a pedido do MP-GO. A assessoria disse não poder dar detalhes, alegando que a investigação está sob sigilo.

Ainda de acordo com a Polícia Civil, mais mulheres procuraram delegacias neste fim de semana, alegando terem sido vítimas de João de Deus. Segundo assessoria do órgão, todas as denúncias já começaram a ser apuradas. O MP-GO deve pronunciar-se oficialmente hoje sobre as investigações.

Considerando reportagens da TV Globo e do jornal O Globo, feitas nos últimos três meses, há pelo menos 13 relatos de mulheres entre 30 e 40 anos. Elas alegam que foram molestadas em consultas feitas entre 2014 e o início deste ano. Em um espaço particular, a portas trancadas, teriam sido obrigadas a praticar atos sexuais e teriam o corpo tocado por João de Deus para “uma limpeza espiritual”.

Espiritismo

Após as acusações, a Federação Espírita Brasileira (FEB) veio a público para destacar que “o Espiritismo orienta que o serviço espiritual não deve ocorrer isoladamente, apenas com a presença do médium e da pessoa assistida”. “Não recomenda, portanto, a atividade de médiuns em trabalho individual, por conta própria. Estes não estão vinculados ao Movimento Espírita, nem seguindo sua orientação”, afirmou, em nota oficial. A reportagem não conseguiu localizar João de Deus ontem para tratar do caso. À TV Globo, ele negou as denúncias de abuso.