João de Deus se entrega à polícia Investigação sobre médium se concentra em 15 casos de abusos, diz delegado

Publicação: 17/12/2018 03:00

O médium João Teixeira de Faria, 76 anos, internacionalmente conhecido como João de Deus, entregou-se às autoridades policiais de Goiás, ontem à tarde, em área rural nas  proximidades de Abadiânia, na região central do estado. Um dos responsáveis pela rendição, o delegado-geral da Polícia Civil de Goiás, André Fernandes, disse que João de Deus não apresentou resistência e a prisão é preventiva, ou seja, sem prazo para terminar.

João de Deus é acusado e suspeito de ter abusado sexualmente de mais de 300 mulheres que o procuraram para cirurgias espirituais. As denúncias vieram de todo o país e também do exterior, após o programa Conversa com Bial, da TV Globo, que entrevistou mulheres que se disseram molestadas pelo médium.

André Fernandes disse ontem que a investigação sobre as denúncias de abuso sexual contra o médium vai se concentrar em 15 casos e a polícia irá focar, a partir de agora, a “formação da prova”. “A polícia civil está analisando caso a caso e está se concentrando na questão do abuso (sexual). O grande desafio é provar essa situação. A Polícia Civil persiste focada na formação da prova. Tem muitos crimes que estão prescritos, mas as vítimas que comparecem atuarão como testemunha”, afirmou.

João de Deus prestou depoimento na Delegacia Estadual de Investigação Criminal (Deic) em Goiânia (GO). Após ser interrogado por cerca de três horas, foi levado ao Instituto Médico Legal para exame de corpo delito. Em seguida, o líder religioso seria encaminhado para o Complexo Penitenciário de Aparecida de Goiânia para cumprir prisão preventiva.

O delegado-geral negou que a Polícia Civil estivesse preocupada com uma possível fuga do acusado. “Tínhamos situação controlada. A apresentação espontânea só se deu após várias técnicas utilizadas, aprendida por grandes delegados. É o momento agora da Polícia Civil confeccionar suas provas”, afirmou.

Fernandes afirmou também que, caso a investigação aponte para a participação de funcionários da Casa Dom Inácio de Loyola nos supostos crimes cometidos, essas pessoas também serão alvos do inquérito policial. “Se as investigações provarem isso, que houve qualquer tipo de conivência, essa pessoa será trazida para dentro da investigação. Com certeza (cúmplices podem ser punidos).” (Agência Brasil e Estado)