Entre familiares, incerteza e dor

Publicação: 14/03/2019 03:00

Aos 15 anos, Samuel Melquíades se dividia entre a escola, o gosto pelo desenho e a igreja. O filho mais velho de uma família de Suzano, Grande São Paulo, foi um dos mortos no massacre ontem. “Era ele que levava mensagem de esperança aos outros jovens”, disse José Silva, tio do rapaz. Entre as famílias das vítimas, houve desespero e incerteza - em um dos casos, a confirmação de que o parente estava na lista de mortos só veio no fim do dia.

A família de Kaio Lucas Costa Limeira, de 15 anos, viveu horas de apreensão por causa das informações confusas na lista oficial de mortos. Na relação original, o nome dele não aparecia - nem na lista dos vivos. Os pais, tios e primos rodaram os hospitais da região em busca do menino. Houve troca de identidades. Constava entre os mortos Paulo Henrique Rodrigues, mas, na verdade, era Limeira.

Com uma machadinha no ombro, José Victor Lemos, de 18 anos, chegou caminhando sozinho, no Hospital Santa Maria, a duas quadras da escola. Ao ouvir os disparos dentro do colégio, o jovem tentou fugir.

“Ele estava com a namorada, saiu para outro lugar, e os dois se desencontraram. Pulou o muro e foi pego de surpresa pelo atirador”, conta o pai, Marco Lemos. Após cirurgia, seu quadro era considerado estável.

Segundo Débora Nogueira, coordenadora do pronto-socorro do hospital, alguns pacientes chegaram por meios próprios e outros foram levados pela polícia.