Massacre em escola deixa 9 mortos Ex-alunos de 17 e 25 anos invadem instituição e matam cinco estudantes e duas funcionárias. Em seguida, um atirador matou o outro e se suicidou

Publicação: 14/03/2019 03:00

Eram 9h42 quando o jovem Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, entrou armado com um revólver calibre 38 na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano (Região Metropolitana de São Paulo), onde havia estudado até o ano passado, e abriu fogo contra um grupo de alunos e funcionários que estava na recepção. Três pessoas caíram no chão e ele foi para o interior da escola.

Cerca de 30 segundos depois, seu amigo Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, também ex-aluno, entrou munido com uma besta (arma semelhante a um arco e flecha), um arco e flecha e uma machadinha. Ele golpeou as pessoas já caídas e se atracou com estudantes que fugiram correndo do interior da escola. O massacre resultou em duas funcionárias e cinco alunos mortos. Antes, a dupla havia matado um parente em uma loja fora da escola, elevando para 10 o total de mortos da tragédia.  

A Polícia Militar concluiu que um dos atiradores matou o comparsa e depois se matou. Imagens de câmera de segurança mostram que Guilherme está com a arma de fogo a todo tempo e é provável que ele tenha atirado em Luiz e depois se matado. Eles foram encontrados mortos após serem cercados por policiais na escola. Toda a operação durou cerca de 15 minutos.

As investigações apuram que os jovens faziam parte de um grupo que joga em rede o game Call of Duty, de guerra, e neste fórum teriam planejado o crime. Os investigadores suspeitam que pode ter ligação com o massacre. Vizinhos e conhecidos da dupla relatam que de fato os dois gastavam uma boa parte do tempo em uma lan house jogando games com teor violento. A polícia ainda não sabe como ou onde as armas foram compradas.  

Na manhã de ontem, os dois foram até a loja de carros semi-novos de um tio de Guilherme, Jorge Antônio Moraes, localizada a cerca de 450 metros da escola. De acordo com testemunhas, por volta de 9h15, Guilherme entrou sozinho no local, onde também funciona um estacionamento e um lava-rápido e disparou três vezes. Ele acertou o celular que Moraes segurava na mão - e o levantou na tentativa de se proteger -, a clavícula e as costas da vítima. Depois, saiu e embarcou no carro que o esperava. Moraes morreu algumas horas depois no hospital.

O gerente Rodrigo Cardi, de 34 anos, trabalhou com Moraes nos últimos 15 anos e disse nunca ter visto Guilherme Monteiro no local. “Parece que o Jorge tentou dar uns conselhos depois que o sobrinho foi mal na escola, mas ele não gostou. No momento do ataque, nada foi falado nem houve chance de defesa”, disse. A polícia foi acionada para procurar um Ônyx branco, encontrado na frente dessa escola, já com a chamado do tiroteio em curso.

O fato de os dois serem ex-alunos da instituição pode ter facilitado a entrada pelo portão da frente, que estava aberto. Imagens de uma câmera de segurança mostram que Guilherme, que abandonou os estudos em 2018, entrou na escola, pegou a arma que estava na cintura e disparou contra um grupo. Uma das primeiras pessoas atingidas foi a coordenadora Marilena Ferreira Vieira Umezo, de 59 anos.

No início, a dupla não usava máscaras, mas depois cobriu os rostos - um deles com uma máscara de caveira -, e passou a realizar os outros disparos que vitimaram, no total, sete pessoas na escola. Uma aluna chegou a lutar com Luiz e conseguiu fugir, ao mesmo tempo que uma dezena de alunos passava correndo. Ele tentou atingi-los e um dos rapazes agredidos saiu com a ferramenta presa no corpo.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, um sargento e dois cabos da Força Tática entraram na escola quando a dupla tentava invadir uma sala de aula que estava trancada. Os policiais estavam com escudos, e os adolescentes se afastaram. O sargento relatou ter ouvido dois disparos e encontrado os corpos no interior da escola.