Ágatha é enterrada sob protestos Menina de oito anos baleada durante ação policial foi sepultada em clima de revolta e críticas ao governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel

Publicação: 23/09/2019 03:00

Aos gritos de “justiça” e protestos contra o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, a menina Ágatha Félix, 8 anos, foi enterrada ontem. A criança foi baleada na sexta-feira, no Complexo do Alemão, quando voltava para casa com a mãe. Em clima de revolta e comoção, o enterro foi acompanhado por familiares e moradores do complexo. “Vamos ver até quando esse governo vai acabar com as famílias, com o futuro promissor das nossas crianças”, disse o avô de Ágatha,  Ailton Félix.

A Polícia Militar afirma que reagiu a ataque de criminosos e houve troca de tiros. Moradores e familiares, porém, dizem que a PM disparou na direção de uma moto que passava perto da Kombi onde a menina estava. Quando o corpo deixou a capela do velório, os presentes gritavam “Witzel é assassino”. Mototaxistas fizeram um buzinaço. Precedido por faixas contra a violência  – “parem de nos matar”, dizia uma delas, o cortejo andou por 500 metros até o cemitério .

Em nota divulgada na tarde de ontem, o governo do Rio afirma que Witzel (PSC) “determinou máximo rigor” nas investigações.

O governo já havia se manifestado por meio do Twitter, endossando a tese de que o episódio foi resultado de um confronto entre criminosos e policiais - defendida pela Polícia Militar. Na nota oficial, o governo afirma que a Delegacia de Homicídios da capital, encarregada das apurações, ouvirá hoje policiais que participaram da ação. Será feita uma reconstituição.  

O caso reabriu a discussão sobre o pacote anticrime do ministro da Justiça, Sergio Moro, que abrandaria a punição a policiais e militares que cometam excessos. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que há necessidade de “uma avaliação muito cuidadosa e criteriosa sobre o excludente de ilicitude.” Moro também lamentou a morte, mas não fez referência ao seu projeto. O ministro do STF, Gilmar Mendes, se pronunciou. “Uma política de segurança eficiente deve se pautar pelo respeito à dignidade e à vida humana.”