Coronavírus muda ritual nas missas Arquidioceses do país, como a de Olinda e Recife, orientam que os fiéis não deem o abraço da paz e nem apertem as mãos durantes as celebrações

Publicação: 28/02/2020 03:00

Ao menos sete arquidioceses católicas no Brasil, incluindo a Arquidiocese de Olinda e Recife, mudaram o ritual litúrgico nas missas para combater o novo coronavírus. Entre as mudanças está a de evitar o abraço da paz nas celebrações e não dar as mãos enquanto se reza o Pai Nosso. Bispos e padres orientam os fiéis, desde a quarta-feira de Cinzas, durante as missas, como também produzindo e distribuindo panfletos educativos sobre o Covid-19, nome do vírus, e publicações em sites oficiais e redes sociais da igreja.

O informativo da Arquidiocese da Paraíba, com sede em João Pessoa, é uma espécie de convocação. “Juntos, como irmãos, combatendo o coronavírus”, diz o cabeçalho do material, onde também se vê orientações como “evite aperto de mão, mãos dadas e abraço” e “recebe a Sagrada Comunhão na mão e na boca”.

Em Minas Gerais, as arquidioceses de Belo Horizonte, Uberaba e Juiz de Fora entraram na campanha. O arcebispo da capital mineira e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, ressaltou durante a missa de abertura da Quaresma que a igreja unia-se aos que “buscam combater a disseminação do coronavírus, uma ameaça à saúde, principalmente dos idosos e enfermos”.

A orientação dada, por escrito, pelas arquidioceses de Belo Horizonte e de Uberaba,  “é que, durante as missas, em vez do abraço da paz, (os fiéis) busquem fortalecer ainda mais o sincero sentimento de bem-querer em relação ao próximo”. E que, no lugar de unir as mão, na hora das orações,  “seja cultivado com mais intensidade o compromisso com fraterna comunhão”. As arquidioceses de Natal, no Rio Grande do Norte, e de Vitória, no Espírito Santo, também começaram a orientar os fiéis quanto à doença.

Diante do alcance maior do coronavírus, dom Roberto Ferreria Paz, bispo da Diocese de Campos (RJ) e referencial da Pastoral da Saúde da CNBB, recomenda que os católicos devem trabalhar a prevenção e investir na divulgação de informações importantes sobre a doença e como se dá o contágio. Para ele, é importante respeitar a objetividade científica e a seriedade dos dados para evitar pânico. “Sobretudo a solidariedade com as comunidades que estão padecendo ou podem estar mais expostas”, afirmou.

A CNBB, segundo a assessoria de comunicação, não indica normas para as arquidioceses e dioceses, devendo cada uma observar a própria realidade e indicar providências a serem adotadas. E acrescenta: “Cabe, portanto, aos arcebispos e bispos orientarem seus sacerdotes, bem como aos fiéis observarem as regras de higiene compatíveis com o momento”.

PERNAMBUCO

Em 2018, quando ocorria um surto do vírus H1N1 e Influenza A H3 sazonal, a Arquidiocese de Olinda e Recife lançou recomendações semelhantes para as missas e atos religiosos. As orientações divulgadas ontem pela arquidiocese local têm 13 itens, tratando desde a comunhão e abraço da paz a questões básicas como lavar bem as mãos, com água e sabão, e usar lenços descartáveis para a higiene nasal.

“Diante dessa propagação do coronavírus no mundo e da chegada ao Brasil, alguns padres e fiéis vieram pedir orientações à arquidiocese”, disse o vigário-geral, padre Luciano Brito, acrescentando que o arcebispo, dom Fernando Saburido, divulgou as medidas preventivas com base em recomendações das autoridades sanitárias.