CANCELAMENTO » Respiradores para o Nordeste retidos no Aeroporto de Miami

Publicação: 04/04/2020 03:00

Uma carga de 600 respiradores artificiais chineses comprada por estados do Nordeste ficou retida no Aeroporto de Miami, nos Estados Unidos, onde fazia conexão aérea para ser enviada ao Brasil. O contrato no valor de R$ 42 milhões, assinado pelo governo da Bahia como representante da região, foi cancelado pela empresa fornecedora sem maiores explicações, no início da semana.

“Alegaram apenas razões técnicas”, afirmou o secretário da Casa Civil da Bahia, Bruno Dauster. A empresa, cujo nome não foi revelado, disse que a carga teria outro destino, não especificado. A desconfiança é que se destine agora ao combate da crise do coronavírus nos Estados Unidos, que teriam acertado pagar mais à empresa chinesa.  O valor não chegou a ser desembolsado pelo governo baiano.

O cancelamento da compra é exemplo do que vem acontecendo mundialmente depois a que o presidente  dos Estados Unidos, Donald Trump, abandonou a postura cética sobre o tamanho da crise e moderou as críticas à China. Assim, ele passou a olhar para o país asiático como fonte de doações e compra de equipamentos. E outros países têm sido preteridos.

Apesar do risco de haver novos cancelamentos, governadores seguem recorrendo à China, por falta de opção. A exemplo do que vem acontecendo em diversos aspectos do combate ao coronavírus, estão ignorando a linha adotada pelo presidente Jair Bolsonaro, de hostilidade aos chineses.

Com a crise na sua fase final, a China se vê em posição de ajudar o mundo, num processo que já foi batizado de “diplomacia da máscara”. Além de ganhar pontos geopolíticos, os chineses aproveitam para fechar negócios. Mas o gargalo na produção da China provoca situações como a vivida pela Bahia. “A China tem uma enorme capacidade de produção, mas a demanda é mundial. Por isso, as fábricas só estão aceitando pagamento antecipado, o que tem gerado problemas para muitos estados”, afirma Charles Tang, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China.

A solução, diz ele, tem sido usar empresas chinesas baseadas no Brasil como “ponte”, pagando o fornecedor de forma adiantada e recebendo dos governadores quando a carga chega. A CCCC (China Communications Construction Company), de infraestrutura, e a State Grid, do setor elétrico, têm sido chamadas a obter doações e intermediar compras. Na última terça, foi anunciada a chegada de 50 mil pares de luvas doadas ao governo do Maranhão. (Folhapress)