Manifestações terminam em confronto na Paulista Polícia usa bombas de gás e balas de borracha para dispersar torcedores, que realizavam ato na avenida

Publicação: 01/06/2020 05:30

Integrantes de diferentes torcidas organizadas dos quatro grandes clubes de São Paulo (Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo) organizaram atos pró-democracia na Avenida Paulista ontem. As manifestações, que começaram pacíficas, acabaram em confronto com a Polícia Militar (PM) e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A via tem sido ponto de encontro de bolsonaristas aos domingos. Eles pedem o fim das medidas de distanciamento social durante a pandemia da Covid-19 e protestam contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso.

Os atos começaram de forma pacífica, por volta do meiodia, com gritos contra Bolsonaro inspirados em cânticos dos estádios. A maioria dos presentes era torcedores do Corinthians, mas um grupo de fãs do Palmeiras, autodenominados antifascistas, também se manifestou no local. Havia ainda, em menor número, são-paulinos e santistas.

A Polícia Militar criou um cordão humano para tentar isolar um grupo de manifestantes pró-Bolsonaro dos torcedores, mas houve pelo menos dois picos de confusão após discussões entre as partes. A tropa de choque utilizou bombas de gás e balas de borracha para dispersar os torcedores. Estes revidaram com arremesso de pedras, lixeiras e rojões. Pelas imagens disponíveis até o fechamento desta edição, não houve repressão dos policiais ao grupo bolsonarista.

Da mesma forma, não houve registros oficiais de detidos e outros feridos. Danilo Pássaro, 27 anos, integrante da Gaviões da Fiel que organizou as manifestações, disse à reportagem que a confusão começou quando os torcedores já se preparavam para deixar o local.

“A polícia passou escoltando um grupo com camisetas de organizações neonazistas e outro com fardas de militares, dando simbolismo de intervenção militar. Passaram bem no meio da nossa manifestação quando estávamos indo embora. Isso iniciou o tumulto, e a polícia começou a atirar bombas e balas de borracha”, afirmou.

Enquanto recuavam, os torcedores fizeram barricadas e colocaram fogo nos objetos. A estação TrianonMasp do metrô foi fechada em razão do confronto.

A mobilização política de torcedores começou a ganhar força desde o último dia 9 de maio, quando um grupo de cerca de 40 corintianos, com faixas a favor da democracia, manifestou-se em frente ao Masp. A presença deles intimidou grupos pró-Bolsonaro, que inicialmente haviam marcado um ato perto do museu.

Em Minas Gerais e Rio de Janeiro, torcedores que se autodenominam antifascistas também convocaram manifestações a favor da democracia e contra Bolsonaro. No Rio, em Copacabana, torcedores da organizada Fla Antifascista faziam um protesto pacífico quando encontraram membros de uma manifestação a favor de Bolsonaro. Os dois grupos se estranharam, e a polícia utilizou spray de pimenta para dispersar os flamenguistas. Depois, outro grupo, que protestava contra o racismo, brigou com bolsonaristas. (Folhapress)