Vacinas contra Covid-19 têm 20 projetos A vacina de baixo custo desenvolvida pela Universidade Federal do Ceará (UFCE) com a Fiocruz pode ter 250 doses do imunizante com preço de R$ 11

Gabriela Chabalgoity e Maria Eduarda Angeli*
Correio Braziliense

Publicação: 19/01/2022 03:00

Em busca de um imunizante contra a Covid-19 100% nacional, o Brasil conta com pelo menos 20 projetos que tocam pesquisas para produção de uma vacina. Entre os destaques estão o do Instituto Butantan, que trabalha na Butanvac, e o desenvolvido pela empresa de biotecnologia Farmacore e pela Universidade de São Paulo (USP), que trabalha na Versamure. Além dessas, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) também corre para criar seu próprio fármaco.

Tanto a Butanvac como a Versamure estão nas fases 1 e 2 de testes — a da USP tem previsão de testagem em humanos no próximo mês. Já a vacina da Fiocruz, das três, é a que pode ter IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) totalmente nacional — conforme liberou a Anvisa, em dia 7 de janeiro, depois de o laboratório da Bio-Manguinhos ter recebido a Certificação de Boas Práticas de Fabricação em maio de 2021. Na última sexta-feira, a fundação iniciou a fase final do processo para produzir o insumo.

A CEO da Farmacore, Helena Faccioli Lopes, explica que houve atraso na produção por conta de uma demora na entrega de material vindo dos Estados Unidos — cerca de seis meses a mais do que o esperado. Ainda assim, ela aposta na obtenção da autorização para uso emergencial até o final do ano.

Além da vacina tradicional, a USP também investe em um imunizante em spray, que está em fase pré-clínica e aguarda o aval da Anvisa para seguir nos testes. O medicamento tem tudo para chegar à população em 2023, visto que o processo foi atrasado pela realização de um estudo toxicológico solicitado pela agência.

Baixo custo

Outra proposta é a vacina de baixo custo desenvolvida pela Universidade Federal do Ceará (UFCE) com a Fiocruz, a 2H120 Defense. Os estudos das duas instituições asseguram que 250 doses do imunizante podem chegar a custar apenas R$ 11. A importação de agentes, porém, tem jogado contra o desenvolvimento do produto.

O Ministério da Saúde afirma ter destinado, até o momento, mais de R$ 98,5 milhões em recursos para pesquisas relacionadas a vacinas contra o novo coronavírus.

O valor, porém, não é o suficiente para cobrir todo o desenvolvimento do imunizante, o que leva os cientistas a se associarem ao setor privado.