O sal coringa das indústrias químicas Exploração da sal-gema é a causa do afundamento de bairros inteiros em Maceió (AL). Em torno de 60 mil pessoas já foram afetadas

Publicação: 04/12/2023 03:00

Parte dos moradores de Maceió vivem dias de tensão. Na última quarta-feira (29), a prefeitura da capital alagoana decretou situação de emergência diante do iminente colapso em uma das minas de sal-gema exploradas pela petroquímica Braskem no bairro do Mustange. Estima-se que cerca de 60 mil residentes tiveram que se mudar e deixar para trás os seus imóveis.

Mas o que é o sal-gema? Diferentemente do sal de cozinha, que é obtido do mar, o sal-gema é encontrado em jazidas subterrâneas formadas há milhares de anos a partir da evaporação de porções do oceano. Por isso, o cloreto de sódio é acompanhado de uma variedade de minerais.

Inicialmente, a exploração em Maceió se voltou para a produção de dicloroetano, substância empregada na fabricação de PVC. Não por acaso, desde que inaugurou em 2012 uma unidade industrial na cidade de Marechal Deodoro, vizinha a Maceió, a Braskem se tornou a maior produtora de PVC do continente americano.

A exploração de sal-gema, como outros minerais, depende de licenciamento ambiental. A exploração é fiscalizada pela Agência Nacional de Mineração (ANM). A exploração em Maceió envolvia a escavação de poços até a camada de sal, que pode estar há mais de mil metros de profundidade. Então, injetava-se água para dissolver o sal-gema e formar uma salmoura. O problema foi o vazamento dessa solução líquida, deixando buracos na camada de sal. Uma hipótese é que a ocorrência tenha relação com falhas geológicas na região.

A petroquímica diz que já foi pago R$ 3,7 bilhões em indenizações e auxílios financeiros para moradores e comerciantes desses bairros. Uma parcela dos atingidos busca reparação através de processos judiciais. (Agência Brasil)