Carol, o publicitário que o povão gostou e aprovou Criador de comerciais inesquecíveis para as Casas José Araújo, Carol Fernandes morreu aos 79 anos

Publicação: 10/05/2016 03:00

Fernandes faria 80 anos no próximo dia 27 de junho (ARQUIVO PESSOAL)
Fernandes faria 80 anos no próximo dia 27 de junho
Pernambucanos com pelo menos 30 anos de idade certamente se lembram de Davanira (“é ela, tire sua roupa da janela”). A moça fez sucesso em uma das muitas propagandas das Casas José Araújo. Assim como também fez sucesso a louvação à “Senhora da Conceição, minha mãe, minha rainha”. E o deficiente visual da Casa Lux Ótica, que lamentava não precisar usar óculos de grau, “mas gostaria muito de poder usá-los”? Por trás dessas três peças inesquecíveis – e de tantas outras valorizando a cultura popular nordestina – estava o publicitário Carol Fernandes, que morreu no último domingo, aos 79 anos.

Nascido em Limoeiro, Agreste do estado, em 27 de junho de 1936, Fernandes fundou a agência Itaity Publicidade e era uma máquina de criar jingles memoráveis (“E o povão gostando”, “Quem manda é o freguês”). “Decidi fazer propaganda terceiro-mundista de primeira qualidade”, costumava dizer o matuto que, em 1978, levou a Itaity ao posto de agência do ano em Pernambuco. No ano seguite, foi considerado o publicitário do ano, em um prêmio da revista Propaganda e do Diario.

Antonio Carlos Vieira, presidente do Sindicato das Agências de Propaganda do Estado, lembrou que foi um dos poucos a conhecer o dia a dia de Carol Fernandes. “Ele era como uma ostra, muito introspectivo e se relacionava com poucas pessoas. Fui um dos privilegiados a conhecê-lo de perto”, destacou. “Carol Fernandes é um ícone da propaganda pernambucana. Ele foi um homem à frente do seu tempo. A comunicação que ele fazia continua e vai continuar sendo atual”, afirmou o publicitário Queiroz Filho.

O governador do estado, Paulo Câmara, divulgou nota enaltecendo o trabalho de Fernandes. “Quero prestar minha homenagem a Carol Fernandes, que, sem dúvida alguma, foi um dos maiores publicitários do Brasil e que, como poucos, tinha a sensibilidade para conhecer e valorizar a rica cultura de Pernambuco e do Nordeste. Suas criações para as Casas José Araújo são clássicos da propaganda nacional. Imortais.” Em 1983, o publicitário decidiu não submeter mais seus trabalhos em festivais. Outra posição firme tomada por ele foi nunca participar de licitações públicas.

Carol Fernandes foi imortalizado no livro Histórias da Propaganda em Pernambuco, de Aldo Paes Barreto. Ele já não estava mais ativo na publicidade quando foi morar em Gravatá, em busca de uma vida mais tranquila. Teve uma infecção respiratória e, por causa dela, passou mais de 30 dias internado em um hospital de Boa Viagem. No sábado, voltou para casa. No domingo, morreu por volta das 18h. Curiosamente, foi na mesma hora em que o Santa Cruz, “o time do povo”, levantava a taça de campeão pernambucano. Carol era tricolor.