Pensando caminhos para o futuro da educação Especialistas no assunto se reuniram ontem no Recife para discutir o cenário educacional brasileiro

Publicação: 26/07/2018 03:00

A educação é sempre um debate intenso. Como promover políticas que resultem em uma educação democrática, reduzam desigualdades sociais e não deixem os mais vulneráveis sem atendimento? O assunto contempla orçamento público, performance do aluno, qualidade e valorização do professor e, principalmente, quem está à frente das políticas educacionais. O Brasil planeja há anos a melhor forma de fazer a educação avançar. Pernambuco, inclusive, tornouse case de sucesso no tratamento que vem dando ao ensino médio, mas mantém lacunas que, não preenchidas, podem comprometer a sustentabilidade dos bons resultados.

O tema Uma educação para o futuro do Brasil foi o foco da quinta edição do Pense! Pernambuco, série de encontros promovido pela Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper) e pelo Porto Digital, que teve como palestrantes o economista-chefe do Instituto Ayrton Senna e professor da Cátedra Instituto Ayrton Senna no Insper, Ricardo Paes de Barros, e Raul Henry, vice-governador do estado e mestre em gestão pública. A mediação ficou sob o comando do presidente do Diario, Alexandre Rands.

Barros ressaltou que a educação precisa de governança para poder avançar de forma sustentável. Segundo ele, é preciso ter políticas, regras claras, metas estabelecidas e processos a serem adotados na dinâmica de se fazer uma educação eficiente. “Quando não há clareza da responsabilidade que se tem e o que se busca, não se consegue chegar, porque não se faz ajustes ou correções de rota. O Brasil, por exemplo, gasta 5,5% do PIB (Produto Interno Bruto) com educação. O Fórum Mundial de Educação recomenda que essa despesa seja entre 4% e 6% do PIB, ou seja, estamos corretos nos gastos. Então o que falta? Eficiência”, destacou.

O vice-governador Raul Henry ressaltou o desafio de se fazer educação de qualidade no Brasil. Porém, ponderou as políticas adotadas por Pernambuco para que o sistema que fez o estado crescer tão forte nos números do Ideb do ensino médio. “A burocracia e a falta de capital humano são entraves recorrentes do problema educacional nacional de se fazer escolas eficazes. O Brasil recebeu incentivos e planos desde Fernando Henrique Cardoso, depois na era Lula, que ampliaram vagas, mobilizaram formas de financiamento, mas que ainda resultam em números alarmantes. Como justificar que apenas 22% dos brasileiros que terminam o período educacional e entram na faculdade têm condições de ler um texto e interpretá-lo? Um condicionante, com certeza, gira em torno da valorização do professor”, disse.