O circuito da Zona Norte

Publicação: 10/08/2018 03:00

Assim como acontece em todas as edições do Diario dos Bairros, a reportagem ouviu personalidades que têm uma relação de memória, afeto e vivência com a Zona Norte do Recife, especificamente nos bairros da Jaqueira, Casa Forte, Apipucos e Aflitos. Para essa tarefa, nesta edição, convidamos o empresário Augusto Acioly, a chef de cozinha Luciana Sultanum e o arquiteto Romero Duarte. Todos moram ou viveram suas infâncias e juventudes pela região e continuam apaixonados pela Zona Norte. Eles destacam espaços que marcaram suas vidas e apontam também qual roteiro turístico eles indicam para visitantes de outras localidades. No fim, todos também dão sua visão sobre os desafios que precisam ser superados nos bairros.
 
Há quanto tempo mora na Zona Norte?

Augusto: Moro na Zona Norte desde sempre. Estudei no Damas e minhas filhas estudam no São Luiz.

Luciana: Sempre morei na Zona Norte e até hoje me identifico completamente com o estilo de vida dessa área da cidade.

Romero: Morei na região até me casar. Foram 26 anos de Zona Norte.

Quais os espaços, sejam eles comerciais ou não, marcaram a sua memória?

Augusto: Gosto de fazer exercícios físicos no Parque da Jaqueira e no Country Club.

Luciana: Principalmente o bairro de Apipucos, mais especificamente a casa onde hoje funciona a Arcádia Recepções, pois foi lá onde nasci e onde meu avô morou boa parte da vida. Também lembro muito da Padaria Mimosa e da doceria Bombocado, que hoje já não existem mais, mas que ficavam em Casa Forte.

Romero: Nestes anos, vi muitas transformações. Guardo lembranças da Fecin, com seu tobogã, o foguete do Parque da Jaqueira, as festas da Vitória Régia, as missas da Igreja do Espinheiro, seguidas da Tia Dondon, o Depois do Escuro, a Over Point, o Estação Jaqueira, a Come Come e tantos outros locais que hoje habitam minhas lembranças.

Quais os locais que você faz questão de indicar para amigos que estão visitando a região? Indica quais restaurantes?

Augusto: Restaurantes que vou quase toda semana são: Quina do Futuro, Ponte Nova, Porto Ferreiro e Nez. Mais descontraídos sugiro a Venda de Seu Antônio e o bar do Neno.

Luciana: Já morei em alguns bairros da Zona Norte e tenho vários lugares favoritos. Em Apipucos, o Modigliani Bistrô (não só porque o cardápio é meu, mas porque o ambiente também é lindo). Gosto muito do Bar Real, em Casa Forte, com uma vibe típica da Zona Norte. Além disso, compro sempre queijo coalho e manteiga no Mercado do Cordeiro e frutos do mar no Mercado da Madalena, onde minha filha também adora ir pra ver as lojas de peixes ornamentais.

Romero: Recomendo o Museu do Estado com seu acervo bacana, o Museu do Homem do Nordeste e a Fundação Joaquim Nabuco. Os restaurantes da ZN são imbatíveis: o Oma, Ponte Nova, o Nez, o Bucca, o Cá Já, Reteteu Comida Honesta, o Oleiro Cozinha e tantos outros. Incrível como são bons e vieram para ficar.

Existe algum hábito de consumo específico no bairro que você identifica?

Augusto: A Zona Norte tem uma vantagem que tudo fica muito perto. Minha casa e meu trabalho ficam na mesma rua. Faço quase tudo a pé.

Luciana: Acho que a Zona Norte tem um perfil mais low profile e percebo um público frequentador de livrarias e cafeterias.

Romero: Quanto ao hábito, acho que a fidelidade aos serviços da região são bem característicos da ZN. Há uma valorização dos restaurantes, bares, lojas e serviços, que você dificilmente vê em outras áreas da cidade. É o consumo confortável, com raízes.

Quais os desafios que podem afetar a vida comercial e econômica da região?

Augusto: O que às vezes afeta é o trânsito, pois as ruas são antigas e não têm para onde fluir. No mais, não me mudo daqui para nenhum outro lugar do Recife.

Luciana: Hoje a Zona Norte tem vários pontos onde o trânsito é muito pesado e quase não há ciclovias, além da questão da precariedade da segurança de forma geral, o que afeta a mobilidade e a decisão de ir para determinados lugares.

Romero: Considero o principal desafio a mobilidade. A infraestrutura continua a mesma de muitos anos atrás, o trânsito cada dia mais denso, dificulta a circulação, mesmo fora do horário de pico. Os binários e reorganização do trânsito têm melhorado, mas acredito que a médio e longo prazos precisará ser repensado.