DIARIO NOS BIARROS » Uma casa como endereço Cada vez mais escassas, residências ainda povoam a Zona Norte e viram moradia de quem não abre mão de espaço e privacidade

Publicação: 10/08/2018 03:00

Com as cidades se verticalizando, as casas se tornam escassas, quase como um item romântico no quesito moradia. Quem vive nesse perfil ratifica o pensamento, por agregar diversos pontos positivos: espaço, privacidade e liberdade. Não descartam o ponto negativo da menor segurança no comparativo com apartamentos, mas asseguram que os benefícios pesam mais nessa balança.

A produtora de eventos e culinarista Cecília Montenegro é um exemplo. Foi criada desde criança nesse tipo de moradia até ir para o exterior. Foram dez anos divididos entre França e Itália morando em apartamento. “Sinceramente, me adaptei. Era vida de solteira, aventurando fora. Quando voltei, casei e veio a possibilidade de morar em uma casa. A gente ia montar um restaurante e decidimos morar na mesma casa”, conta. Detalhe: o pai dela mora na mesma casa até hoje.

A saída da casa do restaurante veio há nove anos, também para uma nova residência no entorno da Praça de Casa Forte. “‘Tu não tem medo?’ Era a pergunta que eu mais ouvia. Eu respondia que não”, relembra. “As pessoas vão na minha casa e ficam impressionadas, porque eu tenho um quintal de terra batida, com duas mangueiras enormes e um pé de carambola, uma área onde meus filhos, hoje com 20 e 22 anos, jogavam futebol e eu tomava banho de sol. É o mesmo espaço, inclusive, que eu recebo pessoas para jantares que promovo quando não está chovendo”, ressalta.

A casa, porém, não se resolveria sozinha. “É minha casa porque é no meu bairro, no meu lugar. É onde eu ando na rua, perto da minha padaria, da minha banca de revistas. É o meu oxigênio. É outro oxigênio, inclusive”, reforça.

Espaço é sempre o primeiro ponto na “defesa” das casas. Jamille Rodrigues, terapeuta, lista outras vantagens. “A liberdade de não ter vizinho colado é um ponto. Outro é poder cultivar plantas. Eu gosto de cultivar plantas, trabalho com ervas medicinais e gosto de ter, hoje, um espaço para cultivar essas ervas. Além disso, tenho animais de estimação, então eu precisava de um lugar onde eles tivessem espaço para transitar livremente”, pontua.

Nascida no interior e hoje casada com um companheiro que viveu em comunidade, morar em casa devolveu a sensação que a rua de casas proporciona. “O tipo de relação que a gente cria com as pessoas em volta é diferente. Não é aquela relação fria. Todo mundo se cruza e passa a se conhecer, se ajudar, se preocupar com o outro”, ressalta.

“Quando eu vim para Casa Forte, na Zona Norte, eu achei um lugar que me atendeu, mais quieto, tranquilo, onde eu pudesse respirar. E casou com as escolhas que eu fiz de trabalhar com terapias”, completa Jamille.