A descoberta da maconha nas bebidas Grandes multinacionais como AB InBev, Heineken, Coca-Cola e Diageo começam a estudar o uso da Cannabis para entrar num negócio que já movimenta US$ 20 bi

Publicação: 22/09/2018 03:00

As fabricantes de bebidas alcoólicas estão mergulhando de cabeça no universo da maconha. Nos últimos meses, executivos de empresas como AB InBev, Heineken, Coca-Cola e Diageo deixaram suas bebidas tradicionais de lado e foram entender como funciona esse mercado. Segundo o jornal canadense The Globe and Mail, as companhias começaram uma aproximação com algumas das principais produtoras de Cannabis do Canadá.

Representantes das multinacionais do setor de bebidas realizaram diversos tours nas instalações das empresas canadenses de marijuana e têm feito reuniões com os executivos dessas empresas. Não é à toa. Em outubro, o país deve legalizar o uso recreativo da planta, dando tração a um mercado que já movimenta globalmente US$ 20 bilhões por ano.

Além disso, há claramente um temor das fabricantes em relação aos impactos do crescimento do mercado de Cannabis legal no negócio de bebidas alcoólicas.

O namoro entre os dois setores não é de hoje. A Constellation Brands, que fabrica a Corona nos Estados Unidos, investiu no ano passado US$ 191 milhões em uma fatia de 9,9% da canadense Canopy Growth. Há duas semanas, ela intensificou a aposta. Por mais US$ 4 bilhões, aumentou a participação para 38% — e, pelo acordo, tem a opção de comprar mais 139,7 milhões de ações nos próximos três anos.

Caso decida exercer o direito, sua fatia na canadense subiria para mais de 50%, garantindo o controle da empresa, e ela teria que desembolsar outros US$ 5 bilhões.

A intenção das duas empresas com a união é clara. A Canopy e a Constellation estão desenvolvendo bebidas feitas à base da planta — como infusões com THC e CBD — e querem, após a legalização do uso recreativo, inundar o Canadá com esses produtos.

“Essas bebidas não terão calorias e farão você se sentir animado”, garantiu Bruce Linton, CEO da Canopy, em entrevista à CNBC. “Estamos falando de ir a um bar e tomar uma ‘tweed and tonic’ (como esse tipo de bebida tem sido chamada).” Ele acrescentou ainda que os produtos poderão ter 80 misturas potenciais diferentes com canabinóides.

A Heineken tomou a dianteira e já oferece, desde o mês passado, um produto semelhante — em alguns mercados específicos —  por meio de sua marca Lagunitas (uma joint venture com a CannaCraft, produtora de maconha da Califórnia). A norte-americana Molson Coors também está se movimentando e fechou em agosto uma joint venture com a canadense The Hydropothecary Corporation, para buscar oportunidades nesse segmento. (Do Correio Braziliense)