DIARIO NOS BAIRROS » Onde o comércio ferve nas ruas Feira de Casa Amarela e o Centro Comercial do bairro estão localizados a poucos metros, na Rua Padre Lemos, e são redutos do tradicional comércio que sobrevive

Patrícia Monteiro
ESPECIAL PARA O DIARIO
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Publicação: 14/09/2018 03:00

Apesar de não ser a famosa Feira de Caruaru, é certo que de tudo se pode encontrar no bairro de Casa Amarela. Com um diversificado número de operações dos mais diversos segmentos, abriga nada menos do que 2.481 estabelecimentos comerciais, de acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente da Prefeitura do Recife. Lojas de roupas e acessórios, farmácias, comércio de eletroeletrônicos, supermercados, restaurantes, lanchonetes e tantos outros segmentos fazem do bairro um local de diversificadas opções.

A Rua Padre Lemos, por exemplo, abriga dois grandes polos de comércio informal na região, localizados a poucos metros de distância: a feira e o Centro Comercial de Casa Amarela. O primeiro é um amplo espaço onde comercializam, de segunda a sábado, mais de 100 feirantes.

Vânia Xavier, formada em administração de empresas, é uma delas. Natural da cidade de Vitória de Santo Antão, chegou ao Recife aos 9 anos, quando seu pai já trabalhava no local há uma década. Aos 41 anos, hoje administra seus bancos na feira onde brincava quando criança. Vânia conta que seus pais começaram a vender frutas, verduras e hortaliças ainda na rua, com 32 expositores. Hoje, com 16 unidades localizadas dentro do pátio onde acontecem as vendas, ela fala sobre a movimentação do público no espaço. “Às segundas, terças e quartas, recebemos, aproximadamente, umas 200 pessoas por dia. De quinta a sábado, este número chega a 500”. Embora considere a frequência pequena, possui uma clientela fixa de aproximadamente 80 pessoas, incluindo 4 proprietários de restaurantes. “Embora já tenhamos tido momentos melhores aqui, acredito que o importante é saber trabalhar, se modernizar. Nós, por exemplo, não trabalhamos com estoque grande a fim de ter sempre mercadoria nova e aceitamos cartões de crédito. Priorizar a questão do atendimento também é tudo. Cliente satisfeito volta sempre e quando a gente valoriza isso, consegue ter retorno financeiro”, afirma.

Ainda segundo Vânia, são muitas as modificações necessárias. “O lixo fica muito próximo às mercadorias e o chorume acaba escorrendo perto delas. É preciso, também, fiscalizar a cobrança do Zona Azul e promover mais acessibilidade aos visitantes, pois as pessoas estacionam as motos nos acessos. Além disso, estes motoqueiros passam correndo dentro da feira, o que pode até causar acidentes. É importante, também, regularizar a questão das carroças que entram no espaço e concorrem conosco de forma não justa, pois não pagam nossas taxas e conseguem vender mais barato”, explica.

Rosani Alves de Souza, 50 anos, também feirante, está há mais de 30 anos comercializando no local. Com aproximadamente 40 bancos, vende frutas, verduras e concorda com Vânia quanto à importância da clientela fixa e do delivery. Ela comemora o fato de, mesmo com a movimentação reduzida, conseguir negociar todo o estoque. “Tenho aproximadamente 15 clientes fixos e costumo enviar, quinzenalmente, cerca de 20 kg de feijão verde para Fernando de Noronha. Tenho, ainda, clientes portugueses que não deixam de vir aqui quando estão no Brasil”, explica.

Poucos metros adiante da Feira (sentido cidade-subúrbio), na mesma Padre Lemos, o Centro Comercial de Casa Amarela, administrado pela Companhia de Serviços Urbanos do Recife (CSURB), existe há mais de 22 anos. Abriga um extenso e diversificado comércio com 265 boxes dos mais variados artigos: de roupa a calçados, passando por utensílios domésticos, brinquedos, acessórios e serviços como de amolar tesouras, por exemplo, Há, ainda, ao fundo do pátio, seis boxes de alimentação em funcionamento. Segundo o administrador do espaço, Advaldo Silva, haverá melhorias em breve, ainda sem data definida. “Teremos pintura das grades e reforma nas instalações dos sanitários”, informa.

O casal Edvaldo e Francinete Lopes está no local há aproximadamente 18 anos comercializando roupas íntimas, com preços que variam de R$ 2 a R$ 20. Eles contam que o fluxo de clientes varia de acordo com o período do mês. “No início, temos uma procura mais intensa, com cerca de 50 clientes por dia que compram, em média, 5 peças cada um”, diz Edvaldo. Ele informa que, apesar de ter uma boa movimentação, o local já viveu dias melhores, há cerca de 3 ou 4 anos. “Atendíamos, aproximadamente, o triplo de pessoas que vêm aqui hoje”, informa.

Carlos Honorato de Paula é comerciante de um dos boxes de alimentação há aproximadamente 10 anos. O local abre das 7h30 às 18h, serve almoços e tira-gostos. “Aqui vêm, em média, 50 pessoas por dia, em sua maioria idosos”.

O bairro
  • 2.481 estabelecimentos comerciais
  • 1.376 na área de comércio
  • 893 de serviço
  • 117 de indústria
  • 92 de construção civil
  • 3 agricultura