REESTRUTURAçãO » Odebrecht tenta renegociar dívida de US$ 3 bilhões

Publicação: 13/11/2018 03:00

A construtora Odebrecht deu início a um processo de reestruturação de uma dívida de US$ 3 bilhões. A decisão ocorre alguns dias depois de a empresa deixar de pagar US$ 11 milhões em juros e entrar no período de carência de 30 dias previsto no contrato. Na ocasião, a companhia afirmou que usaria o período para avaliar as condições do setor e da própria empresa no médio e longo prazos.

Para fazer a negociação com os detentores dos títulos, chamados de bondholders, a Odebrecht contratou como assessores financeiros a Moelis & Company e Cleary Gottlieb, além de contar com o apoio do escritório Munhoz Advogados. Do lado dos bondholders, as negociações serão feitas por meio da Rothschild. Procurada, Odebrecht e Moelis não se manifestaram. As negociações sobre como será feita a reestruturação deverá começar oficialmente após o fim do período de carência, no dia 26 de novembro. Além disso, a proposta, com as condições do reperfilamento, está em elaboração.

Metade dos US$ 3 bilhões de dívida vence em 2042 e a outra metade se refere a títulos perpétuos, sem vencimento do valor principal. Hoje, a Odebrecht paga algo em torno de US$ 170 milhões por ano de juros. Com a renegociação, a ideia seria dar um fôlego no caixa da empresa e ao mesmo tempo diminuir o prazo desses títulos. Embora não tenha emitido essa dívida, a construtora é a garantidora dos títulos. Os recursos foram usados em várias outras unidades de negócios da holding.

Fontes ligadas às negociações afirmam que o fraco desempenho da economia brasileira e a falta de obras no país dificultaram os planos da construtora para se reerguer. Por isso, a necessidade de renegociar a dívida. Na época do não pagamento dos juros, em outubro, a maior preocupação era de que a empresa entrasse com pedido de recuperação judicial, o que fez com que várias agências de classificação de risco cortassem a nota da companhia.

A Fitch chegou a dizer que o uso dos 30 dias de carência indicava que um “processo semelhante ao de inadimplência” havia começado. Na opinião da agência, o atraso de um montante relativamente pequeno gerava preocupações sobre a intenção e a capacidade de a empreiteira amortizar juros e a dívida no futuro.