Empresários presos por sonegação Três integrantes do ramo de combustíveis foram detidos ontem em Pernambuco, acusados de desviar R$ 16 milhões em impostos

Publicação: 06/12/2018 03:00

A Polícia Civil de Pernambuco fez operação ontem para prender integrantes de uma organização criminosa, responsável por crime de sonegação fiscal no estado. Três empresários do ramo de combustíveis foram presos. Eles tiveram mandados de prisão e de busca e apreensão domiciliar, expedidos pela comarca única de Glória do Goitá, no Agreste. O esquema envolveu o desvio do erário público no valor R$ 16 milhões, durante quatro meses.    

“Essa associação criminosa de atuação interestadual envolvia três empresários do ramo de distribuição de combustíveis, dois de distribuição e um de transporte. As distribuidoras não existiam de fato. Entre a usina, que produzia o etanol e os postos de combustíveis, deveria haver o distribuidor, que recolheria esse ICMS para o estado - o que não ocorria. O esquema era direto da usina para os postos de combustíveis e para as bombas que abasteciam os veículos. Consolidando o crime de sonegação fiscal, que nesses quatro meses, chegou a R$ 16 milhões”, explicou o chefe de Polícia Civil, o delegado Joselito Kehrle do Amaral.

Segundo o delegado, um dos empresários presos é natural da Bahia e foi pego numa operação daquele estado, em 2013, mas conseguiu o relaxamento da prisão. Na Bahia, teria sido de R$ 300 milhões. “A gente está falando aqui de uma grande associação criminosa com atuação interestadual”, frisou. O empresário baiano foi citado pelo Ministério Público de Pernambuco em 2016 como sócio de outro homem, preso suspeito de sonegar quase R$ 500 milhões em impostos.

De acordo com o delegado Joselito do Amaral, a quadrilha atuava desde 2007, o que pode acarretar na possibilidade de o desvio de impostos ter sido ainda maior. “Milhões e milhões de dinheiro público com o não pagamento de ICMS podem ter sido sonegados a partir desse período”, comentou. O grupo apresentou duas distribuidoras, uma delas localizada no município de Chã de Alegria, mas segundo o chefe de Polícia Civil, a empresa não existia de fato. “Elas não funcionam. Em Chã de Alegria, há tanques, mas há dois anos nada era abastecido. Também criaram um escritório no Recife, que funcionava só como fachada”, disse. Um dos empresários, o baiano, foi preso em um hotel localizado no Pina, Zona Sul do Recife.

Batizada de Octanagem, a operação é a primeira organizada pelo Departamento de Combate ao Crime Organizado (Draco) e a 63ª ação de repressão qualificada do ano, vinculada à Diretoria Integrada Especializada (Diresp), sob a direção da delegada Priscilla Von Shsten. A investigação teve início em agosto deste ano.

Mais detalhes da operação serão revelados numa coletiva para esta quinta-feira.