Previdência votada em seis meses Presidente eleito disse que pretende colocar projeto em plenário com agilidade e ainda aventou mudar legislação trabalhista no "que for preciso"

Publicação: 06/12/2018 03:00

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, afirmou que irá votar a reforma da Previdência o mais rápido possível e dentro dos primeiros seis meses de mandato. “Se fosse possível, aprovaria em 1º de fevereiro, mas temos que respeitar o calendário”, ao falar dos prazos do Congresso Nacional.

Para Bolsonaro, a prioridade da reforma é a idade mínima. Questionado se planeja articular a reforma ou as privatizações, ele disse que “a ordem dos fatores não altera o produto”.

Falou ainda sobre mudanças trabalhistas e afirmou que é preciso mudar “o que for possível” na legislação trabalhista, mas não detalhou que pontos quer priorizar.

Depois de repetir sua afirmação que “é difícil ser patrão no Brasil”, Bolsonaro lembrou que a reforma aprovada há pouco tempo deu uma certa tranquilidade aos empregadores, reconhecendo que não é possível mudar o artigo 7º da Constituição e que respeitará os direitos dos trabalhadores.

“Nós temos direitos demais e empregos de menos, tem que chegar a um equilíbrio. A reforma aprovada já deu uma certa tranquilidade, um certo alívio ao empregador, e repito o que falei ontem (terça): é difícil ser patrão no Brasil”, reforçou o presidente eleito, em entrevista no Quartel General do Exército.

Questionado sobre a reforma tributária, disse que seria uma “boa pergunta para se fazer para o Paulo Guedes, o nosso posto Ipiranga, porque é (um tema) complexo”.

“Vocês mesmos (jornalistas) já escreveram que, para entender o emaranhado da legislação, tem que ter PhD em economia. Agora, tem muita coisa que não teve no passado, quem mergulhou o país nesse caos econômico foram os economistas daquela época, não fui eu, capitão do Exército”, declarou. “Eles erraram, erraram feio, na metade do governo FHC (Fernando Henrique Cardoso) de oito anos os juros estiveram na lua.” Disse que tem humildade para reconhecer que não entende de economia, mas é bem assessorado .

“O que nós queremos é uma inflação dentro dos limites, nós queremos aquilo que possa fazer nossa economia andar. Nós queremos tudo isso aí, tudo eu passei para ele, Guedes, eu também dei carta branca ao Paulo Guedes para perseguir esse objetivo e eu sou obrigado a confiar nas pessoas porque eu sozinho não vou salvar a pátria, apesar de eu me chamar Messias”, acrescentou.

O presidente eleito avaliou que a situação do Brasil está “bastante complicada”. “Se der errado, não sou eu que vou afundar não, todos nós afundaremos juntos e não queremos que o Brasil mergulhe em um caos e não é só na questão econômica.”

Mais uma vez, o presidente eleito afirmou que a reforma da Previdência deve ser fatiada e que a idade mínima será a primeira parte a ser encaminhada ao Congresso. Também não respondeu qual seria a base para estabelecer a idade mínima para homens e mulheres.

Sobre a celeridade com que a reforma poderia ser aprovada, disse que ainda não é presidente e não tem influência sobre o atual Parlamento. “Nós sabemos que tem parlamentar que gostaria que a forma de fazer política fosse a anterior. Nós respeitamos o parlamento, nós não pretendemos avançar nessa direção. Como eu disse, posso estar errado e não saber a fórmula do sucesso, mas a do fracasso é continuar fazendo essa política de coalizão.”