DP EMPRESAS » Açúcar vale menos no Porto do Recife Sem dragagem, equipamento cai em potencial e na cotação da Bolsa de Commodities de New York

ROCHELLI DANTAS
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Publicação: 19/01/2019 03:00

No ano passado, as exportações pernambucanas se apresentaram estáveis, tendo um aumento de 0,7% em relação a 2017. Pelo menos três fatores contribuíram para o resultado: a crise na Argentina, principal destino dos produtos atualmente, sobretudo dos veículos que já despontam como o segundo item mais comercializado no exterior via Pernambuco; a política nacional de preços dos combustíveis; e a queda nas vendas internacionais do açúcar. Neste último ponto, além das questões de mercado, há problemas na operação no Porto do Recife, por onde é realizada a operação.

Sem a liberação de recursos para as obras de dragagem, os navios maiores não podem atracar no local. O sinal amarelo chegou, inclusive vindo da Bolsa de Commodities de New York. Nas cotações apresentadas no mercado internacional, o produto pernambucano está sendo vendido com desconto. “Se o comprador internacional quiser comprar em portos listados no mundo, ele busca informações na bolsa. E, no Porto do Recife, o açúcar vale menos. Isso porque o navio agora só cheg a aqui vazio e isso dificulta muito porque o frete tem que ser exclusivo. A usina antes compartilhava a viagem entre duas origens, agora tem que chegar só e dificulta ainda mais o mercado”, afirma o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar/PE), Renato Cunha.

Segundo levantamento do sindicato, as exportações de açúcar vêm tendo queda ano a ano. Na última safra, foram exportadas 190,3 mil toneladas, quando no ano anterior havia sido 355,5 mil toneladas, uma queda de 46,6%. “Essa redução é também consequência de uma prioridade de mercado, que é quem dita as regras. No Brasil, há hoje um grande estímulo à produção de combustíveis e o setor passou a migrar para o etanol. Além disso, o mercado internacional de açúcar ficou mais competitivo, principalmente com a produção da Índia e Tailândia. Então, houve uma mudança no mercado produtivo”, pontua Renato Cunha.

Para ele, neste ano, há uma tendência de retorno às exportações, mas ainda não em patamares anteriores. “É um retorno gradual”. A previsão é de que as obras de dragagem do Porto do Recife sejam realizadas ainda este ano. Segundo o presidente do equipamento, Carlos Villar, recursos foram liberados. “Aguardamos a liberação da licitação. Na próxima safra estará resolvido”, disse.

BALANÇA

Atualmente, Pernambuco representa 10,6% das exportações totais do Nordeste. Na região, o maior volume exportado está na Bahia, com 47,4% do total. Como vem acontecendo desde o início da operação da Refinaria Abreu e Lima, os combustíveis continuam ocupando o topo da lista das exportações pernambucanas. No ranking, o primeiro lugar é de óleo combustível, seguido de veículos e, logo atrás, gasóleo (óleo diesel).

“Até o terceiro trimestre do ano passado havia um crescimento nas operações de veículos, até que a Argentina entrou em crise. O desafio do estado é ampliar a pauta. Um potencial pernambucano é a indústria de alimentos. Por enquanto, o que observamos são operações com açúcar e frutas, mas temos outros itens que podem ser priorizados”, pontua o assessor da presidência da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), Maurício Laranjeira. Sobre os destinos dos produtos pernambucanos, a Argentina segue no primeiro lugar, seguida dos Estados Unidos, Países Baixos (Holanda), Colômbia e Chile. “Então, 2019 já começa com esse cenário de crise na Argentina, nosso principal parceiro. Então, é preciso descobrir outros mercados”, ressalta Laranjeira.

Exportações pernambucanas em 2018

Ranking dos 10 primeiros países importadores do estado

1º Argentina
Automóveis com motor explosão
Gasóleo (óleo diesel)
Outros veículos automóveis com motor diesel

2º Estados Unidos
Fuel Oil (óleo combustível)
Outros açúcares de cana
Gasóleo (óleo diesel)

3º Holanda
Fuel Oil (óleo combustível)
Uvas frescas
Mangas frescas ou secas

4º Colômbia
Poli (tereftalato de etileno)
Automóveis com motor explosão
Barras de ferro ou aço não ligado

5º Chile
Automóveis com motor explosão
Rolhas, tampas e acessórios para embalagens
Sucos (sumo) de frutas, sem adição de açúcares

6º França
Gasóleo (óleo diesel)
Mangas frescas ou secas
Sucos (sumo) de frutas, sem adição de açúcares

7º México
Poli (tereftalato de etileno)
Automóveis com motor explosão
Máquinas para extrudar matérias têxteis

8º Cingapura
Fuel Oil (óleo combustível)
Outro álcool etílico não desnaturado
Combustíveis e lubrificantes para embarcações

9º Paraguai
Poli (tereftalato de etileno)
Automóveis com motor explosão
Rolhas, tampas e acessórios para embalagens

10º Espanha
Gasóleo (óleo diesel)
Mangas frescas ou secas
Combustíveis e lubrificantes para aeronaves

Fonte: Fiepe - Núcleo de Economia e Negócios Internacionais