ANáLISE SETORIAL » Efeitos sobre a atividade econômica no Brasil e em Pernambuco

por Osmil Galindo
Economista e sócio-diretor da Ceplan- Consultoria Econômica e Planejamento

Publicação: 25/05/2019 03:00

O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2019 retratou bem o que vem acontecendo com a economia brasileira e, particularmente a pernambucana. De um lado, se vê aumentando a desconfiança do empresariado nos diversos setores, por conta da ausência de coordenação política do governo para tocar o país. Do outro, se nota cada vez mais latente o desânimo da população quanto ao seu destino, principalmente dos trabalhadores, cada vez mais combalidos ao ponto de verem sua renda atingir o maior nível de desigualdade verificado nos últimos sete anos, segundo levantamento feito pelo Ibre/FGV.

Dados mais recentes sobre o nível da atividade econômica, elaborado pelo Banco Central, apontam desaceleração no período de janeiro a março, indicando queda significativa no último mês: no país o declínio foi de 2,5% enquanto em Pernambuco representou -0,7%. Por sua vez, a elevação do câmbio verificada nos últimos meses evidencia a desvalorização do Real, o que pode contribuir para pressionar a inflação.

Nesse contexto, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA/IBGE) registra uma inflação acumulada de 4,94% entre janeiro e abril do corrente ano, puxada essencialmente pelos aumentos de combustíveis, remédios, alimentos e energia elétrica, itens com peso significativo na cesta do consumidor. Para piorar, a taxa do desemprego continua elevada, no caso de Pernambuco, com valor acima da média nacional (16,1% contra 12,7%). Inflação e desemprego são os principais fatores que reduzem a confiança do consumidor.

Assim, os números apontados contribuem para reduzir a renda disponível, obrigando a população a priorizar os gastos com elementos essenciais. O resultado se traduz na intensa retração do volume de vendas no varejo pernambucano de janeiro a março, comparativamente ao mesmo período do ano passado, inclusive em segmentos importantes, como o de material de construção (-2,4%), de tecidos, vestuário e calçados (-4,1%), de hipermercados e supermercados (-6,5%) e de móveis (-8,6%).

É importante destacar que o varejo ampliado brasileiro (que além dos segmentos regulares do comércio varejista, inclui as vendas de veículos e autopeças e de materiais de construção), teve um primeiro trimestre ruim, registrou queda de -3,4% em relação ao mesmo período de 2018 - proporção que em Pernambuco representou -6,3%. Nos serviços, a retração foi menor: -2,3% no país e -2,2% em Pernambuco, desempenho que só não foi pior por causa das atividades turísticas.