Imóveis de luxo emergem da crise O segmento encolheu, mas manteve a pose e acelera vendas com novos lançamentos

Publicação: 18/05/2019 03:00

O mercado de imóveis de alto padrão, no Recife, sofreu menos os efeitos da crise econômica que assola o país desde 2014 e afetou em cheio a construção civil. As construtoras que atuam neste nicho em Pernambuco, encolheram os lançamentos nos últimos anos mas já falam em retomada e aumento da velocidade de vendas em 2019. “É um mercado muito pequeno, que ficou menor com a crise, mas os lançamentos vêm tendo boa aceitação. Há escassez de produtos neste segmento e quem trabalha nele tem sucesso”, diz o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi), Gildo Vilaça.

Com público de alto poder aquisitivo para comprar o imóvel dos sonhos ou investir, os imóveis de alto padrão continuam concentrados em bairros nobres do Recife como Poço da Panela e Casa Forte, na Zona Noroeste, onde o preço médio do metro quadrado fica em R$ 7.116,75, e Boa Viagem, na Zona Sul, na faixa de R$ 6.406,03. O Cabo de Santo Agostinho despontou neste mercado com a Praia do Paiva, e ostenta o metro quadrado em torno de R$ 7.404,20 – o mais alto registrado este ano pelo Núcleo de Economia da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe).  

Responsável pela pesquisa do Índice de Velocidade de Vendas (IVV), o economista e coordenador do Núcleo, Cezar Andrade, nota uma melhora neste primeiro trimestre na região Noroeste que já detém um terço dos imóveis ofertados em 2019. “Mas a procura ainda está baixa pela falta de crédito e a instabilidade econômica. A confiança do cliente também fica instável e ele prefere não comprar”, observa.

Otimismo
Apesar do cenário ponderado, o mercado de alto padrão reage com otimismo neste início de ano. Para o diretor da imobiliária Paulo Miranda Exclusive, José Maria Miranda, com o aumento do teto do uso do FGTS para imóveis de até R$ 1,5 milhão em todo o país, em julho do ano passado, as vendas ganharam mais velocidade. Antes, no Sistema Finaneiro de Habitação, o FGTS era usado para abater o preço dos imóveis de até R$ 800 mil - exceto no Distrito Federal, São Paulo, Minas Gerais  e Rio de Janeiro,Estados onde passava para R$ 950 mil. “Essa medida foi excelente. Com a mudança, tivemos um impacto grande no volume de vendas porque os imóveis nesse patamar geralmente são comprados por permuta, à vista ou financiamento bancário”, afirma, acrescentando que uma série de empreendimentos, entre a Zona Norte e a Zona Sul, incluindo o bairro do Paiva, no Cabo de Santo Agostinho, atendem essa faixa de valor.

Segundo o executivo, na casa dos R$ 750 mil a R$ 800 mil, o Edifício Maria João, da incorporadora Ferreira Pinto, em Boa Viagem, foi lançado e já se enconra 80% vendido.

Mas imóveis acima do teto do uso do FGTS, também estão surpreendendo. “O edifício Alberto Ferreira da Costa, na Avenida Beira Mar de Boa Viagem, lançado em março pela construtora Rio Ave com ticket de R$ 2,5 milhões até R$ 6 milhões, foi um sucesso de vendas, com 90% dos apartamentos vendidos”, diz o diretor

Carolina Tigre, diretora comercial do Grupo Rio Ave,  revela ainda  que as vendas do Alberto Ferreira da Costa ocorreram em dez dias a partir do lançamento e foram ainda mais rápidas, no final de 2017, na primeira fase do edifício Carmen Costa, também em Boa Viagem, nas proximidades do Parque Dona Lindu, vendida em 48 horas.

“Estamos sem estoque e vamos tentar fazer lançamentos ainda este ano. Vemos espaço para crescimento e retomada do nosso ritmo normal de três obras em paralelo - hoje estamos com duas”, declara

Segundo a diretora, a crise foi sentida pela empresa, mas enfrentada com foco na expertise da construtora em imóveis de alto padrão. “Direcionamos nosso trabalho para o que fazemos melhor, para o público que conhecemos e estamos retomando com uma velocidade de vendas e preços maiores que os praticados antes da crise”, completa.

Escassez
A falta de terrenos em bairros como Boa Viagem, maior na beira mar, aliada ao estilo e qualidade oferecidos pelas construtoras do segmento de alto padrão, justificam a procura. A superintendente Comercial e Marketing  da Queiroz Galvão Desenvolvimento Imobiliário (QGDI), Carol Boxwell, anuncia novos lançamentos em 2019 para recompor o estoque da empresa. “Nossa cidade tem poucas oportunidades de bons terrenos e a localização vem sempre em primeiro lugar para os clientes. A procura é maior para moradia, e na Av. Boa Viagem, onde temos mais de 25 empreendimentos entregues”, declara, adiantando que novos produtos já estão na prateleira. Segundo  ela, a busca de imóveis para investimento continua. “O investidor não sumiu. Estamos com taxas de juros bastante convidativas, excelente para conseguir bons preços junto aos incorporadores e garantir boas taxas nos financiamentos.”