Sem freio, dólar só acelera Cotação da moeda supera os R$ 4,10 nesta semana, e Bolsa tem pior desempenho do ano

Publicação: 18/05/2019 03:00

O mercado brasileiro não se recuperou das perdas da véspera nesta sexta-feira. O dólar continuou a subir e fechou a R$ 4,1020, valorização de 1,58%. A Bolsa brasileira fechou abaixo dos 90 mil pontos, pior desempenho do ano. Analistas destacam que não houve mudança no quadro político em direção ao avanço da reforma da Previdência. A crise entre governo Bolsonaro e Câmara e investigações envolvendo Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), preocupam investidores.

Diante dos números, o Banco Central anunciou nesta sexta-feira intervenção no mercado de câmbio e programou três leilões de linha (venda de moeda com compromisso de recompra) no valor de US$ 3,75 bilhões para segunda, terça e quarta-feira. A medida injeta dinheiro no mercado à vista, para atender a uma eventual demanda que tenha feito o valor da moeda subir rapidamente.  

No exterior, o dia também foi de perdas após negativas da China quanto a um acordo com os Estados Unidos para pôr fim à guerra comercial. As bolsas chinesas recuaram mais de 2%. Nos EUA, índice Dow Jones recuou 0,38%. S&P 500 caiu 0,45% e Nasdaq teve queda de 1,04%.

O Ibovespa, maior índice acionário do país, operou em alta durante a maior parte do pregão. A recuperação após a queda de quinta-feira, no entanto, não se sustentou. A Bolsa fechou com leve recuo de 0,04%, a 89.992 pontos, pior patamar do ano. O giro financeiro foi de R$ 16,515 bilhões. Na semana, o índice acumula queda de 4,5%. Na véspera, o índice caiu 1,75%, a 90 mil pontos. O recuo foi impulsionado pela queda nas ações da Vale, com risco de rompimento de duas barragens. Nesta sexta-feira, com o recorde no preço do minério de ferro, os papeis da companhia se recuperaram e tiveram alta de 2,8%. Durante o dia, o dólar continuou trajetória de alta e chegou a R$ 4,1140. A moeda encerrou cotada a R$ 4,1020, alta de 1,58%. O valor é o maior desde 19 de setembro de 2018, período pré-eleitoral. Na quinta, a moeda havia fechado acima dos R$ 4 pela primeira vez desde 1º de outubro.

Na semana, o dólar acumula valorização de 4%. Este é o pior período para o real desde a semana de 20 de agosto, quando o dólar teve alta acumulada de R$ 4,80. Dentre as divisas emergentes, o real foi a que mais se desvalorizou, com 2,48% de perdas, bem à frente do Florim húngaro, segundo mais desvalorizado, que perdeu 1,21% frente ao dólar. Para Sidnei Nehme, diretor da corretora de câmbio NGO, a alta do dólar não deve se manter. “O patamar de R$ 4,10 já é de altíssimo risco para quem aposta na alta do dólar. Se o governo der um passo firme em direção à reforma da Previdência, a cotação da moeda americana desmorona”. (Da Folhapress)