ANáLISE SETORIAL » A vocação do setor de serviços do Recife

por Écio Costa
Professor de Economia da UFPE e consultor de empresas

Publicação: 24/08/2019 03:00

A cidade do Recife e o estado de Pernambuco têm uma concentração econômica no setor de serviços que se aproxima de 70% do PIB. O setor é importante por gerar muitos empregos e pagar salários acima da média dos demais segmentos produtivos. Isto é importante porque a realidade econômica mundial está mudando e muitos empregos deixarão de existir num futuro próximo devido ao advento da Inteligência Artificial e da Indústria 4.0. O setor de serviços também passará por transformações neste sentido, mas o impacto será menor, ou pelo menos retardado. Ainda assim, muitos negócios relacionados ao setor terão que se reorganizar, com prestação de serviços mais modernos e que atendem a clientes que são mais exigentes por experiências e não mais o simples consumo. A experiência do consumo é melhor vivenciada nos Serviços a partir de empresas e colaboradores que estejam em sintonia com as expectativas apresentadas pelos consumidores.

A modernização deste setor já pode ser sentida na cidade do Recife. Novos negócios comerciais estão surgindo, substituindo aqueles que não se adequaram aos novos modelos de interação entre cliente e empresa já mencionados. Novos grupos empresariais têm entrado no mercado recifense, trazendo novas propostas e mantendo o Recife como a Capital de Serviços do Nordeste em setores como a educação, a saúde, a logística, a gastronomia, a cultura, o turismo, a tecnologia e o lazer. Mesmo tendo passado por uma crise econômica mais forte que a média nacional, onde ajustes aconteceram em todos os setores pernambucanos, o setor de serviços continua representativo por conta de seu histórico e tradição e pelo empreendedorismo local e de fora.

Sair da crise reinventando-se e adotando novas tecnologias parece ser o caminho para que o setor de serviços no Recife continue o seu caminho. As facilidades e o potencial catalisador para que isto aconteça são predominantes aqui. O resultado disto é que investimentos inovadores acontecem primeiro aqui e depois multiplicam-se nas demais capitais do Nordeste. Alguns, inclusive, com repercussão nacional. O forte do recifense é ser inovador e bem entendedor das condições adversas de mercado que pode encontrar. Mas isto pode não ser suficiente, em muitos casos, e é preciso que instituições públicas ofereçam o ambiente favorável para que os negócios aconteçam. Para tanto, medidas de facilitação para a implantação de negócios bem como o acesso a crédito devem acontecer, destacando a importância dos governos municipal e estadual e dos bancos de fomento.