Dólar chega ao maior patamar deste ano Piora de guerra comercial entre China e Estados Unidos e repercussão da questão da Amazônia influenciaram

Publicação: 24/08/2019 03:00

Um novo capítulo da guerra comercial entre Estados Unidos e China fez as Bolsas de Nova York e de São Paulo despencarem nesta sexta-feira. O dólar subiu 1,190% e foi ao maior patamar do ano, a R$ 4,1240, valor mais alto desde 19 de setembro, antes das eleições presidenciais de 2018. Nesta sexta, a China anunciou novas tarifas sobre US$ 75 bilhões (R$ 303, 2 bi) de mercadorias americanas, adicionando mais 10% de tarifas sobre as já existentes, em retaliação às recentes taxas promovidas pelo governo dos EUA.

No início de agosto, o presidente norte-americano Donald Trump pôs fim à trégua comercial e anunciou tarifas sobre US$ 300 bilhões (R$ 1,1 trilhão) em produtos da China, incluindo eletrônicos, programadas para entrarem em vigor em duas etapas, em 1º de setembro e 15 de dezembro. O Ministério do Comércio da China adotará o mesmo calendário para as novas taxas, que incluem produtos agrícolas, como a soja, petróleo, aviões de pequeno porte e carros.

A ofensiva chinesa teve resposta por parte de Trump. Via Twitter, o presidente ordenou que companhias americanas encontrem alternativas à China e prometeu uma resposta às novas tarifas chinesas nesta sexta. Trump também reagiu de forma negativa ao discurso do presidente do Fed, banco central norte-americano, desta sexta. No simpósio de Jackson Hole, no estado norte-americano de Wyoming, Powell disse que a instituição vai agir de forma apropriada para estimular a economia norte-americana, em uma sinalização de novos cortes na taxa básica de juros.

Entretanto, ele alertou mas que os efeitos da política monetária são limitados em face da guerra comercial. O discurso de Powell deu um certo alívio ao mercado financeiro, que chegou a reverter as perdas da manhã resultantes das tarifas chinesas. No Brasil, o dólar chegou a recuar para R$ 4,0520.

A rápida resposta de Trump, no entanto, fez os índices do mercado financeiro refletirem os temores de investidores com a consequência dessa escalada na guerra comercial.

No Brasil, há o agravante de que o acordo entre Mercosul e União Europeia pode ser revisto, caso o governo brasileiro não atue para combater os incêndios na Amazônia e para proteger a floresta. Com agravantes externos e domésticos, o Ibovespa caiu 2,35%, a 97.656 pontos, pior patamar desde junho. O giro financeiro foi de R$ 19,401 bilhões, acima da média diária para o ano. (Da Folhapress)