ANáLISE SETORIAL » Neurotudo

por João Paulo Gomes
Especialista em neurociência aplicada ao consumo

Publicação: 14/09/2019 03:00

Está no cérebro a caixa preta da nossa vida e as pontes necessárias para construir nosso presente e futuro. Neuromarketing, neurovendas, neurofinanças, liderança cognitiva. São inúmeros os campos da gestão que surgem amparados na neurociência.

Em tempos de bombardeio de informação, nossa mente cada vez mais seleciona o que quer processar.

Não dá tempo de focar em todas as marcas e nas mensagens das empresas. Buscamos conforto em uma compra, investimento e ou até mesmo quando tomamos qualquer decisão sobre nossas vidas.

Focadas em criar laços mais fortes e duradouros com o público com o qual se relacionam, as empresas transformam seu ambiente corporativo interno e seu discurso com os consumidores e usuários por meio de uma arma fortíssima: a empatia.

Criar conexão - ou rapport, como diz a psicologia - é fundamental para relações mais intensas, sejam elas amorosas ou de mercado. Assim como o nosso olhar ou uma expressão facial sensibilizam outras pessoas e as colocam numa situação confortável e propícia para escutar, aceitar e se apaixonar, movimentos feitos pelas empresas e governos também se baseiam na empatia para arregimentar seguidores.

Furar o bloqueio do neocortex, nosso lado racional, atingindo áreas mais próximas da emoção como o cérebro límbico, parece ser a estratégia de duas em cada três empresas que dizem utilizar a neurociência como forma de vender, desenvolver pessoas e gerir negócios.

Estamos vivendo uma revolução na reprogramação da linguagem. Utilizamos big data com mineração de dados, ressonância magnética e eletroencefalograma para justificar nossas decisões. Temos cada vez menos tempo para criar conexões e queremos ser extremamente assertivos nas escolhas.

Mesmo tendo evoluído tanto nesse campo, percebemos o pouco que conhecemos da mente humana. Na última década, o centro do debate foi desenvolver máquinas cada vez mais eficientes para substituir pessoas em funções mecânicas ou repetitivas, reduzindo custo e ampliando escala.

Esse novo momento exige um protagonismo que só teremos se nos debruçarmos mais intensamente sobre a mais complexa máquina de razão, emoção e sobrevivência: nós mesmos.