Indústria de games se profissionaliza Campeonatos transmitidos pela internet e patrocinadores fazem mercado um dos mais promissores

Publicação: 19/10/2019 03:00

O mundo corporativo funciona sempre da mesma forma. Quando um mercado considerado de nicho conquista muitos fãs, as empresas entram no negócio e o transformam por completo. Foi assim com o surfe. Nos anos 1990, as grandes marcas queriam distância do esporte, mas ele se popularizou tanto que companhias de diversos setores acabaram seduzidas. Atualmente, o surfe é um fenômeno global, com muitas oportunidades financeiras. No início dos anos 2000, o skate passou por um processo parecido. Agora é a vez de o mercado de jogos eletrônicos deixar de ser alvo apenas dos nerds para se tornar uma atividade bilionária.

Estudo realizado pela consultoria Newzoo concluiu que o mercado de jogos eletrônicos já movimenta US$ 1,5 bilhão por ano no Brasil — ou o dobro de uma década atrás. “É importante destacar que o desempenho foi alcançado em um cenário de crise profunda, com a economia em recessão, altos índices de desemprego e corte de investimentos das empresas”, diz Lauro Figueiredo, consultor especializado em tecnologia. “Se o país estivesse em ordem, provavelmente a performance do setor seria muito melhor”.

Outro levantamento, desta vez realizado pela PWC, projetou o potencial do setor. Segundo a pesquisa, o mercado de games no país deverá crescer 5,3% até 2022. Apenas com jogos para celulares, as receitas do segmento subirão de US$ 324 milhões para US$ 878 milhões nos próximos três anos.

O Brasil é 13º maior mercado de games do mundo, mas, se as projeções forem confirmadas, deverá estar entre os 10 primeiros no futuro próximo. A liderança global é dos Estados Unidos, responsável por um mercado estimado em US$ 37 bilhões. A China, segunda colocada no ranking, chegou a ameaçar a primazia norte-americana, mas problemas relacionados à liberação de licenças de novos títulos comprometeram os resultados do país.

No mundo, a indústria de jogos eletrônicos deverá movimentar US$ 152 bilhões em 2019, segundo dados da pesquisa Global Games Market, da Newzoo. Quase metade desse valor (US$ 68,5 bilhões) deverá ser gerada por jogos para dispositivos móveis, como celulares e tablets. Indispensável na rotina dos brasileiros, o celular é a plataforma preferida dos adeptos de games eletrônicos: 83% deles escolhem jogar usando um smartphone.  Com a melhoria da rede 4G e a chegada do sistema 5G, os jogos para celular devem se tornar ainda mais atrativos.

Segundo a consultoria Newzoo, uma tendência que está se consolidando é a de “games como serviço”, como são chamados os programas que cobram assinaturas para que o consumidor possa acessar os jogos. Gigantes como Apple e Microsoft apostam alto nesse ramo. Na semana passada, a Apple lançou o Apple Arcade, um “jogo de plataformas de quebra-cabeças em uma história sombria e interconectada”, segundo a empresa. Para desfrutar da brincadeira é preciso pagar uma mensalidade de R$ 9,90.

Com um universo de 75,7 milhões de jogadores no Brasil — sendo que 83% deles compraram algum item relacionado ao setor nos seis meses anteriores à pesquisa realizada pela Newzoo —, a indústria de games movimenta uma ampla rede de negócios. Segundo o Censo da Indústria Brasileira de Jogos Digitais (IBJD), havia no ano passado 375 empresas desenvolvedoras de jogos no país. Em 2014, eram 142. (Do Correio Braziliense)

Não é brincadeira

Os números superlativos do mercado de jogos eletrônicos

  • US$ 1,5 bilhão é quanto a indústria de videogames movimenta por ano no Brasil
  • No mundo, a indústria de games em 2019 deverá gerar receitas de US$ 152 bilhões
  • O Brasil é o 13º maior mercado do mundo
  • Os Estados Unidos lideram o mercado global, com US$ 37 bilhões em negócios realizados por ano
  • Maior e-sport do mundo, o League of Legends (Lol) atrai 100 milhões de jogadores por mês
  • Nos campeonatos mundiais de Lol realizados todos os anos, o time campeão em bolsa US$ 2,4 milhões
  • Maior feira de games da América Latina, a Brasil Game Show (BGS) recebeu 300 mil visitantes em 2019
  • EM 2018 375 empresas criaram jogos eletrônicos no país
  • EM 2014 eram 142
  • Apenas com jogos para celulares, as receitas do segmento no Brasil subirão de: US$ 324 MILHÕES para US$ 878 MILHÕES nos próximos três anos
  • O celular é a plataforma preferida dos adeptos de games eletrônicos: 83% dos jogadores se divertem nos smartphones
Fontes: Newzoo, PWC e Censo da Indústria Brasileira de Jogos Digitais (IBJD)