MEI deve dobrar em seis anos em PE Número de empreendedores individuais no estado vai crescer em cerca de 100%. Petrolina é a cidade que apresenta a maior proporção de autônomos

Patrícia Monteiro
ESPECIAL PARA O DIARIO
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Publicação: 20/11/2019 03:00

Muito já se falou que a palavra crise, em chinês, é composta por dois ideogramas em que um deles significa perigo e o outro, oportunidade. Em todo o país, esta simbologia parece fazer sentido para um grande contingente de desempregados que, devido a uma longa crise econômica, em boa parte passou a ser microempreendedor individual (MEI). São 9.278.116 autônomos atualmente no Brasil, em relação ao tamanho da População em Idade Ativa (PIA). Em Pernambuco, uma pesquisa inédita do governo do estado, realizada por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, mostra que o contingente desses trabalhadores deve dobrar de tamanho em seis anos. Pernambuco conta com 289.668 autônomos (dados de outubro), 8,3% da população ocupada do território, que é de 3,494 milhões de pessoas, segundo dados da PNAD (IBGE) para o terceiro trimestre de 2019. Ainda de acordo com o levantamento, iniciado em abril de 2019, o crescimento médio do número de profissionais que empreendem por conta própria, no local, tem sido de 1,4% ao mês e de 16,8% ao ano.

Na comparação do número absoluto de MEIs em proporção à população em idade economicamente ativa (14 a 65 anos), Petrolina possui a maior proporção do estado (6,4%), seguida por Recife, Olinda e Serra Talhada (todas com 6,3%, cada uma) e Afogados da Ingazeira (6,2%). Em todas as regiões pernambucanas, a promoção de vendas é a atividade econômica que mais cresce. Nas cidades com mais de 55 mil habitantes, o crescimento está concentrado em serviços de transporte (aplicativos, tanto de carro quanto de motocicletas, mas, ainda muitos táxis, no interior do estado). Já os serviços domésticos (incluindo mensalistas) são destaque nas localidades com menos de 55 mil habitantes.

A pesquisa comprovou ainda que o serviço de promoção de vendas é a atividade com maior crescimento médio mensal (+3,94%) em relação aos demais setores. Os serviços de contabilidade, por sua vez, são os que registram a maior perda mensal (-1,76%). De acordo com o economista Marcelo Freire, gestor de Desenvolvimento Econômico do estado, apesar dos dados serem preliminares, essa queda pode estar vinculada ao desenquadramento legal. “A Resolução 137/17, do Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN), excluiu contadores, assim como personal trainers e arquivistas de documentos, da relação de categorias permitidas a se tornarem microempreendedores individuais”, explica.

De acordo com a secretária-executiva de Políticas de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Maíra Fischer, trata-se de uma mudança estrutural nas relações de trabalho. “Contribui para isso uma agenda política mais liberal, de desburocratização dos serviços. Outras formas de organização do trabalho mostram isso em todo o mundo, é o que vemos com os aplicativos”.