PIB do 2º trimestre será ainda pior, alerta Ministério

Publicação: 30/05/2020 07:30

A queda de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no primeiro trimestre deste ano superou as projeções do Ministério da Economia. Esse baque, contudo, levou a equipe econômica a reconhecer que o novo coronavírus acabou com o ciclo de recuperação da economia brasileira e ainda deve gerar mais estragos. A pasta já avisou até que a retração do PIB será maior no segundo trimestre. Nota informativa divulgada  nesta sexta-feira pela Secretaria de Política Econômica (SPE), logo depois que o IBGE revelou o desempenho da economia brasileira nos três primeiros meses deste ano, lembra que o governo projetava uma retração de 1,3% do PIB no primeiro trimestre. Isso porque, segundo a pasta, a economia brasileira estava aquecendo antes de ser atingida pela Covid-19.

“No início do ano de 2020 a economia apresentava sinais de retomada econômica. Após dados fracos de atividade no último trimestre de 2019, os meses de janeiro e fevereiro foram marcados por bons resultados nos indicadores de arrecadação, mercado de trabalho e atividade. (...) Entretanto, a partir da segunda quinzena de março, a pandemia do novo coronavírus e as consequentes medidas sanitárias de combate acabaram por interromper a retomada, levando a uma queda brusca e acentuada da atividade no final do primeiro trimestre”, alega a nota da SPE.

O próprio ministro Paulo Guedes já avisou que vai desagregar os dados apresentados nesta sexta-feira pelo IBGE para confirmar se o Brasil estava de fato “decolando” ou se já estava em um estado “meio anêmico” antes da pandemia. Porém, tanto Guedes, quanto a equipe econômica já admitiram que o baque econômico do novo coronavírus ainda vai crescer.

Isso porque essa queda de 1,5% do PIB considera apenas os 15 primeiros dias do isolamento social no Brasil e a SPE calcula que cada semana de quarentena custa cerca de R$ 20 bilhões para o país. A pasta reconheceu, então, ser “provável ainda uma retração significativamente maior no próximo trimestre”.

“O resultado negativo da atividade econômica no primeiro trimestre, embora esperado, lamentavelmente coloca fim a recuperação econômica em curso desde o começo de 2017. Os impactos iniciais da pandemia na economia a partir de março deste ano reverteram os bons indicadores de emprego, arrecadação e atividade do primeiro bimestre, levando a variação do PIB para o terreno negativo”, afirma a nota técnica da SPE.

Paralisação
A Secretaria de Política Econômica ainda afirmou que a “paralisação das atividades produtivas e comerciais em decorrência da nova pandemia impôs custos econômicos significativos tanto no curto, quanto no longo prazo”. E disse que as consequências dessa crise serão “nefastas para a população, com aumento do desemprego, da falência das empresas e da pobreza”.

PIB brasileiro tem queda semelhante à de países da América

A retração de 1,5% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil no primeiro trimestre de 2020, na comparação com os três meses anteriores, foi semelhante à verificada em outros países da América, onde o vírus se disseminou em momento posterior ao verificado na Ásia e Europa.

Há dois fatores, no entanto, que levam a previsões de que o país terá um dos piores desempenhos entre as principais economias mundiais neste e no próximo ano, com risco de retroceder uma década, aos níveis de 2010. Em primeiro lugar, o país vem de um período marcado pela pior recessão de sua história (de 2014 a 2016), seguido por três anos de fraco crescimento (2017-2019). No final do ano passado, o PIB ainda estava no mesmo nível de meados de 2012.

Outra questão é a expectativa de que o país tenha uma forte queda do PIB neste ano, seguida por uma fraca recuperação nos anos seguintes, segundo os especialistas. Considerando as projeções do próprio Fundo e também da pesquisa Focus do Banco Central, a economia brasileira deve ter uma contração média de 1,3% no período (-5,9% neste ano e +3,5% no próximo), pela Focus).

Variação PIB dos países

                           Índia                       3,1%
                           Rússia                  1,6%
                           Chile            0,4%
                           EUA             0,3%
              -0,3%    Brasil    
              -1,6%    Reino Unido     
          -2,3%        Alemanha          
          -2,4%        Portugal             
          -4,1%        Espanha             
      -4,8%            Itália    
      -5,4%            França 
    -6,8%              China