Retomada no varejo só deve acontecer em 2022 Mesmo com possível reabertura das lojas, setor prevê período difícil por conta dos receios dos consumidores

Publicação: 01/06/2020 05:30

Com a maior parte dos estabelecimentos ainda fechados por conta da pandemia da Covid-19, o varejo brasileiro já acredita que a crise causada pelo novo coronavírus só será superada no próximo ano. O setor explica que as perdas causadas por esse momento de distanciamento social já ultrapassam R$ 120 bilhões e não serão revertidas tão rápido. Afinal, a Covid-19 vai deixar uma herança pesada na confiança e no bolso do brasileiro.

Analistas ouvidos pelo Diario de Pernambuco/Correio Braziliense avaliam que, ao contrário da expectativa geral, não basta reabrir as lojas para que o consumo volte. Isso porque o consumidor brasileiro sairá do período  de isolamento social ainda com medo de frequentar locais fechados e, sobretudo, com receio de se endividar, já que o desemprego também virou uma ameaça cada vez mais real. Os especialistas calculam que o comércio pode levar um ou até dois anos para recuperar o fluxo de vendas anterior à pandemia de covid-19.

Economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fábio Bentes explica que a recuperação de uma crise nunca é rápida. No início deste ano, por exemplo, o Brasil ainda estava voltando ao nível pré-2014. O próprio varejo vivia entre altos e baixos, por conta da dificuldade de recuperação da economia, quando foi atingido pelo choque do coronavírus. Não bastasse isso, a crise da Covid-19 pegou a economia brasileira de uma forma abrupta e forte demais. Segundo os analistas, o vírus causou, em pouco mais de um mês, um estrago que outras recessões levaram anos para fazer. A pandemia provocou uma crise que será lembrada por um bom tempo pelos consumidores e pelas empresas brasileiras.

“A retomada vai depender do fim dos decretos. Porém, o que mais preocupa é que, quando houver a reabertura, as vendas não vão reagir tão rápido. O consumidor ainda vai ter receio de ir às ruas e, quando passar o problema psicológico de sair de casa, ainda teremos o problema econômico. Afinal, o mercado de trabalho, que lubrifica as vendas do comércio, está sofrendo muito nessa crise. Vai haver uma alta do desemprego e, consequentemente, da inadimplência, e aí o banco também vai ter medo de emprestar. Ficará uma herança muito complicada para os próximos meses”, afirma Bentes. Ele admite que o próprio varejo deve contribuir com a alta do desemprego, pois o faturamento encolheu mais de 50% nas últimas semanas.

“Mesmo que tenhamos a liberação do comércio mais adiante, ainda haverá uma incerteza muito grande. Não podemos esquecer que temos quase 13 milhões de desempregados, e os mais pessimistas dizem que esse contingente pode chegar a 17 milhões. O desemprego, que é um fator extremamente importante para as compras do varejo, não vai reduzir rapidamente”, concorda o presidente do Instituto Brasileiro de Executivos do Varejo (Ibevar), Claudio Felisoni. (Do Correio Braziliense)

Expectativas

Como será a recuperação da economia?

Para o consumidor...


  • 70% dos consumidores acham que a recuperção vai demorar pelo menos seis meses

  • 80% acham importante as empresas adotarem medidas de segurança contra o coronavírus

Para as empresas...


  • 4 meses é o tempo que as empresas acham que serão impactadas pela pandemia

  • 6,3 meses é o tempo que as empresas acham que será necessário para a recuperação