Franquias seguem crescendo Mesmo impactado pela pandemia do novo coronavírus, segmento manteve planos de investimento e expansão das unidades

Tatiana Notaro
ESPECIAL PARA O DIARIO
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Publicação: 18/07/2020 03:00

O setor de franquias costuma ser alternativa para quem quer investir e empreender com uma certa segurança. O argumento de vendas vem juntamente com um plano de negócios e, em geral, com uma marca já consolidada pelo mercado. No momento atual, o franchising continua se autoproclamando sólido, apesar da crise. Segundo dados da Associação Brasileira de Franchising, no primeiro trimestre do ano, o faturamento do setor teve aumento de 0,2%, quando comparado com o mesmo período do ano passado.

A Não+Pêlo atua em 14 países, tem 285 unidades no Brasil e contava com seis em Pernambuco até antes da pandemia. E agora, apesar dessa crise, está prestes a abrir mais duas franqueadas. “Tivemos mais procura agora que antes da pandemia. Pessoas que perderam o emprego e receberam suas rescisões acabam procurando formas de investir”, explica o CEO, José Rocco.

Segundo ele, o grande desafio do franqueador é dar suporte ao franqueado neste momento. Rocco conta que a empresa se organizou para manter engajamento e formação, mostrando estratégias e reposicionamento da marca. “Isentamos o franqueado da taxa de royalties mensal no período de pandemia”, explica o CEO. A estratégia da empresa foi encontrar formas que considerasse mais justas: instalou, então, um sistema de coparticipação em que cobra dentro do que é faturado pela unidade, quando há faturamento.

Segundo o especialista em gestão e multifranqueado Duar Pignaton, o formato do setor de franchising passará por mudanças. Se hoje existem limitações com relação ao raio de atuação de cada unidade, com a pandemia e o aumento da demanda por serviços de entrega, a restrição deixará de fazer sentido - ou será inviável.

“As franqueadoras tiveram que se adaptar e buscar formas de trabalhar isso juntamente com a rede. Na internet, consegue-se vender a qualquer lugar do mundo e é preciso entender o que é possível nesse novo cenário. Na ideia de ficar vivo, tanto as unidades franqueadas quanto as franqueadoras precisam se adaptar”, diz Pignaton. Diante da necessidade, as redes sociais passaram a ser mais usadas também pelo setor, que até então tinha certo receio dessas ferramentas. Velocidade foi uma palavra importante, segundo o empresário. “Quem foi rápido conseguiu sair na frente. É como se tudo tivesse partido do zero”.

Competitividade

Revisar custos foi compulsório, continua Pignaton, principalmente os mais altos, como aluguéis, taxas de royalties e equipes. Isso significa potencializar a competitividade. Além disso, planejar a retomada também é estratégico. “Quanto mais dinâmica o franqueado tiver agora, mas rápido ele se reposicionará. E a relação ficou mais flexível,  franqueadoras se aproximaram mais de seus franqueados”, comenta.

A aposta para frente é que as empresas revejam sua presença online e seu acesso ao serviço remoto, como o delivery.

Sobre o modelo de negócio, Pignaton também concorda que ele mitiga riscos. “É preciso observar se a marca é forte, se o plano de negócios é consistente. Sou um entusiasta de empreender. Mesmo em uma situação assim, há tantas oportunidades quanto riscos”, destaca.