A produção industrial de Pernambuco registrou o segundo maior aumento entre as 15 localidades pesquisadas em maio em comparação com abril. O estado teve alta de 20,5% na variação mensal e ficou atrás apenas do Paraná, que apresentou incremento de 24,1%. O desempenho ficou acima da média nacional, que foi de 7%. O resultado é um reflexo da retomada, mesmo que parcial, das atividades industriais após as restrições mais severas para conter o avanço do coronavírus. Porém, o resultado é negativo em relação ao mesmo mês do ano passado, com queda de 13,5%. Além disso, o desempenho não compensou as perdas que a indústria pernambucana sofreu e, no acumulado do ano, o estado registrou recuo de 4,7%. Já nos últimos 12 meses também houve retração, de 4,5%. Em ambos os casos, o resultado, apesar de negativo, foi menos intenso do que na média nacional, que registrou desempenhos negativos de 11,2% e 5,4%, respectivamente.

“Como Pernambuco teve o segundo maior aumento do país na passagem de abril para maio, isso mostra que a indústria daqui ensaia uma certa recuperação. Mas a base de comparação é em cima de uma das maiores quedas porque a produção tinha caído bastante em março e abril. Então a tendência é que as indústrias voltem a produzir até para voltar ao estoque do mercado”, explica Cezar Andrade, economista da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe).

Na base de comparação de maio com o mesmo mês de 2019, quando a indústria pernambucana recuou 13,5%, o setor que teve a maior queda foi o de Outros Equipamentos de Transporte, com saldo negativo de 91,3%. Além dele, Máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-58,8%), Produtos de minerais não-metálicos (-47,1%), Produtos têxteis (-43,9%), Celulose, papel e produtos de papel (-23,2%), Outros produtos químicos (-22,7%) e Metalurgia (-18%) tiveram quedas mais acentuadas do que a média do estado. O único setor que registrou aumento na produção na variação entre maio de 2020 com o mesmo mês de 2019 foi o de Produtos alimentícios, com aumento de 17,5%.

“O segmento de outros equipamentos de transporte já vinha em queda por conta da crise no setor naval e do fechamento do Estaleiro Atlântico Sul. Então chama a atenção a fabricação de materias elétricos e de produtos minerais não-metálicos, um recuo que podemos atribuir à paralisação da construção civil porque são produtos que servem de acabamento para o setor”, detalha Andrade.

No acumulado do ano, Pernambuco registrou queda de 4,7% e o maior recuo foi apresentado no setor de Outros Equipamentos de Transporte (-85,3%). “Não acredito que o ano deva fechar positivo porque o impacto na indústria foi muito grande no começo do ano e a demanda da população ainda é pequena. Mas essa tendência de alta deve diminuir o impacto final”, conclui.