Com a iminência da aprovação das novas regras para aposentadoria, no ano passado, foi grande a corrida para os pedidos de aposentadoria. Mas a corrida continua. Muitos chegaram a este momento, ou estão perto dele, exatamente no período de pandemia. As agências do INSS estão fechadas, e o atendimento segue remoto até o dia 13 de julho. Mas o processo de aposentadoria continua acontecendo para uns de forma mais rápida e, para outros, mais lento a depender do caso.

O advogado Rômulo Saraiva menciona a falta de capital humano para corresponder à demanda previdenciária que vem aumentando. “O INSS necessita urgentemente de um concurso de novos servidores, se não quiser se sucatear e aumentar o prazo de resposta para a população”, afirma, lembrando ainda a questão da dificuldade de muitos terem amplo acesso ao processo virtual que foi instalado.

“O INSS melhorou o seu aplicativo, o Meu INSS, e acrescentou funcionalidades ao mesmo, o que trouxe mais autonomia para o solicitante protocolar e instruir com documentos. Ainda assim, muita gente nem mesmo sabe sacar na própria conta bancária”, explica.

Rômulo lembra que o processo virtual requer cadastro, resposta a perguntas, baixar aplicativo e fazer upload da documentação escaneada. “Muitas vezes, a pessoa não tem internet, um bom celular ou computador. Então, um dos efeitos colaterais de tudo isso será o aumento da demanda devido ao represamento de problemas não sanados pelo aplicativo”, explica.

O porteiro Paulo Simplício, 55 anos, é um exemplo disto. Com 35 anos de tempo de trabalho a serem completados no próximo ano, ele já tinha começado a procurar até um advogado com o objetivo de analisar os trâmites do seu processo de aposentadoria. Desistiu, entretanto, após o início da pandemia. “Estou esperando que as agências voltem a abrir para dar continuidade ao processo. Sei que existe a possibilidade de fazer a solicitação e o acompanhamento virtual, mas tenho dificuldade com essa coisa do online”, relata.

Mesmo quem tem acesso ao aplicativo, entretanto, reclama da falta de informações no mesmo e da morosidade do processo. O advogado Geraldo Peregrino, 57 anos de idade e 38 de contribuição, solicitou sua aposentadoria em outubro, visando ser contemplado antes da reforma. O INSS concedeu a resposta em janeiro, mas veio insatisfatória, pois, segundo ele, o enquadrou no fator previdenciário e ainda deixou de contabilizar  meses de contribuição recolhidos e comprovados. Foi quando entrou com recurso. Desde então, não teve mais retorno. “No aplicativo só aparece a informação de que houve o recurso, sem mais detalhamentos”, afirma.