Cenário exige cautela na hora de investir Instabilidade política e ausência de um programa efetivo para atrair capital estrangeiro afugentam o setor produtivo e investidores da bolsa

Publicação: 22/04/2021 03:00

Economia fraca, dólar em alta, inflação disparada e Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar falhas no combate à Covid-19. São muitos os fatores que afetam a economia brasileira. Nesse cenário conturbado, investir se torna uma decisão de risco. O dilema se aplica tanto para quem aplica as economias no mercado de ações, quanto para empresas que precisam redirecionar recursos para manter a produção. Especialistas recomendam cautela na hora de investir em meio à instabilidade. A maioria sugere um colchão financeiro para enfrentar oscilações do mercado e aconselha uma atenção especial a questões políticas nacionais.  

Felipe Queiroz, economista e pesquisador da Unicamp, ressalta a cautela do setor produtivo em ampliar os investimentos. “As empresas têm evitado, frente a esse cenário de incertezas, aplicar seus recursos, investir na produção, investir em mão de obra, ampliar o parque produtivo etc.”, conta. E explica: “Por vários motivos isso está acontecendo. A pandemia é um evento incerto e não se sabe quando vai acabar. Outro lado é a instabilidade política. Temos um presidente que age contra a ciência, contra a produção, contra os interesses nacionais, tudo isso afugenta os investidores”.

A cautela dos empresários também é evidente no mercado financeiro. Segundo os especialistas, a falta de um programa econômico efetivo para atrair o capital estrangeiro é um fator de risco relevante.

“O mercado está mais seletivo, pois não tem tanta movimentação quanto antes. Várias empresas não estão conseguindo seu valor de ação, ou seja, não estão conseguindo negociar o preço que consideram justo pelas ações. Para a empresa, não é interessante entrar no mercado nesse período”, explicou Riezo Almeida, professor e coordenador da graduação em economia, gestão pública e financeira no Instituto de Ensino Superior de Brasília (Iesb).

No mercado financeiro, a precaução é grande entre pequenos investidores. Fernando Campos, 25 anos, empresário, atua na bolsa de valores. Ele vê um aumento crescente de investidores no mercado financeiro, mas admite uma queda de investimentos, em razão da crise política e econômica instalada no país. (Correio Braziliense)