Inadimplência de novembro bate recorde Pesquisa indica que 26,1% das famílias brasileiras possuem dívidas ou contas em atraso, o maior percentual para o mês desde o início da série histórica da CNC

Publicação: 30/11/2021 03:00

Com inflação e taxa de juros crescendo, o percentual de famílias brasileiras com dívidas ou contas em atraso foi de cerca de 26,1% em novembro deste ano, de acordo com dados divulgados ontem pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) nesta segunda-feira. Esta é a maior proporção de inadimplência registrada em meses de novembro, desde o início da série histórica, em janeiro de 2010.
A Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) também mostra aumento no percentual de famílias endividadas, alcançando 75,6% dos lares no país. Isso represente um ponto percentual a mais que em outubro, e 9,6 pontos acima do visto em novembro de 2020.
Desde julho deste ano, o percentual de endividados no país, que está há 11 meses em alta, supera os 70%. Antes disso, a marca dos 70% nunca tinha sido ultrapassada. Além disso, a Peic também mostra que 10,1% dos brasileiros não terão condições de pagar suas dívidas ou contas. O percentual é o mesmo de outubro, mas abaixo dos 11,5% de novembro do ano passado.
Economista da CNC, Isis Ferreira revela os motivos dessa elevação das dívidas dos brasileiros. “O dinheiro está acabando antes do mês acabar, aí as famílias estão apelando principalmente para o cartão de crédito”, pontua. Ela explica que, na prática, o cartão é a modalidade mais cara para o consumidor, “principalmente quando ele se torna crédito rotativo, o que acontece quando o consumidor não consegue pagar a totalidade da fatura e uma parte daquela dívida sobra para o mês seguinte”.
Reflexo da escalada da Selic para conter a inflação, os juros seguem em alta. A taxa de juros do cartão de crédito para pessoas físicas bateu em 343,6% ao ano em outubro. É o maior patamar desde setembro de 2017. “Então a inflação, que é o mesmo problema que gera o aumento dos juros, também tem levado ao maior endividamento, principalmente das famílias de renda média e baixa no Brasil”, afirma. (Correio Braziliense)