Brasileiros não fecham as contas no fim do mês O levantamento encomendado pela CNI constatou que 69% das pessoas entrevistadas não conseguem guardar dinheiro e 64% tiveram que cortar gastos

Publicação: 09/08/2022 05:50

Uma pesquisa inédita da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que um em cada quatro brasileiros vive uma dura realidade no fim do mês: falta dinheiro para pagar todas as contas e sobram dívidas. E em um cenário em que é difícil sair do vermelho, poucos poupam, pois 69% da população não conseguem guardar dinheiro.

Os poupadores são 29% dos brasileiros. Os dados mostram que, com o orçamento apertado, mais da metade dos entrevistados reduziram as despesas com lazer, deixaram de comprar roupas ou desistiram de viajar.

“A pandemia de Covid-19 e uma série de outros desafios, como a guerra na Ucrânia, comprometeram a recuperação da economia e a retomada do crescimento no Brasil”, analisou o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

Para Andrade, a aceleração da inflação levou a um novo ciclo de aumento de juros, o que desestimulou o consumo e os investimentos. “Ao menos, estamos diante de um cenário de recuperação do mercado de trabalho, com redução do desemprego e aumento do rendimento da população — o que nos dá uma perspectiva de superação, ainda que gradual, dessa série de dificuldades que as famílias estão enfrentando”, afirma.

Esse é o segundo levantamento encomendado pela CNI para o Instituto FSB Pesquisa, neste ano, com foco na situação econômica e nos hábitos de consumo da população. Foram entrevistados, presencialmente, 2.008 pessoas em todas as unidades da federação entre os dias 23 e 26 de julho.

CORTES
Sem conseguir poupar ou sair do negativo, a maioria da população (64%) cortou gastos desde o início do ano e um em cada cinco brasileiros pegou algum empréstimo ou contraiu dívidas nos últimos doze meses, segundo o levantamento. Entre quem reduziu o consumo, 61% demonstram otimismo e dizem ser uma situação temporária. Mas apenas 14% dos brasileiros pretendem aumentar os gastos até o fim do ano.

Quando questionados sobre algumas situações específicas neste ano sobre o orçamento pessoal, 34% dos entrevistados afirmaram já ter atrasado as contas de luz ou água, 19% deixaram de pagar o plano de saúde e 16% tiveram de vender algum bem para quitar dívidas.

Além da redução de despesas com lazer e itens de uso pessoal, como roupas e calçados, o orçamento apertado também trouxe mudanças no dia a dia do brasileiro ao longo dos últimos meses, como parar de comer fora de casa (45%), diminuir gastos com transporte público (43%) e deixar de comprar alguns alimentos (40%). (Fernanda Strockland, do Correio Braziliense)