A verdade "nua e crua" sobre morte Turquia promete revelar tudo o que descobrir sobre assassinato de jornalista no consulado saudita, instalado na capital turca, no dia 2 de outubro

Publicação: 22/10/2018 03:00

A Turquia prometeu ontem revelar a “verdade nua e crua” sobre a morte do jornalista saudita Jamal Khashoggi, assassinado em 2 de outubro no consulado da Arábia Saudita em Istambul, depois que Riad admitiu o óbito. “Estamos à procura de justiça aqui e isso será revelado em toda a sua verdade nua e crua, não através de alguns passos comuns, mas em toda a sua verdade nua e crua”, disse o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que prometeu uma declaração sobre o tema amanhã. O reino saudita admitiu no sábado que Khashoggi, colunista do jornal The Washington Post e crítico do regime de Riad, foi assassinado dentro do consulado. Durante duas semanas, o governo negou a morte e afirmou que o jornalista havia deixado o local.

Riad anunciou a demissão de cinco altos funcionários e a detenção de outros 18 como resultado de uma investigação preliminar. Ontem, o ministro das Relações Exteriores saudita, Adel al-Jubeir, afirmou ao canal americano Fox News que o governo não sabe onde está o corpo.

Al-Jubeir disse que os líderes sauditas acreditavam inicialmente que Khashoggi havia deixado o consulado em Istambul, onde foi visto pela última vez em 2 de outubro.

Mas depois dos “relatórios que recebíamos da Turquia”, as autoridades sauditas começaram uma investigação que determinou que o jornalista foi assassinado na representação diplomática. “Não sabemos, em termos de detalhes, como aconteceu. Não sabemos onde está o corpo”, disse o chanceler.

A relação entre Washington e Riad “resistirá” a esta questão, disse o chefe da diplomacia saudita na entrevista à Fox News em Riad, antes completar que o príncipe Mohamed Bin Salman não havia sido informado sobre a operação, não autorizada pelo regime. “As pessoas que fizeram isto, fizeram fora do alcance de sua autoridade. Obviamente, um grande erro foi cometido e o que agravou o erro foi a tentativa de acobertar”, disse o diplomata. “Isto é inaceitável em qualquer governo. Infelizmente, estas coisas acontecem. Queremos garantir que os responsáveis sejam punidos e queremos assegurar que temos procedimentos estabelecidos para evitar que volte a acontecer”.

O homicídio tem muitos aspectos nebulosos e os ocidentais pediram mais explicações. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que “houve enganos e mentiras” por parte do governo saudita, mudando sua postura de dar o benefício da dúvida a Riad, embora tenha mencionado que o príncipe herdeiro poderia não estar a par.

“Há uma possibilidade de que (o príncipe Mohammed bin Salman) tenha descoberto mais tarde. Pode ser que algo no prédio tenha dado errado”, disse Trump ao Washington Post. Grã-Bretanha, França e Alemanha afirmaram em um  comunicado conjunto que existe “uma necessidade urgente de esclarecimento” sobre as circunstâncias da morte “inaceitável” do jornalista. (AFP)