A paz parece estar distante da França Manifestantes conhecidos como "Coletes amarelos" seguem decididos em manter protestos, apesar de pedidos de calma feitos pelo presidente Macron

Publicação: 15/12/2018 03:00

Paris (AFP) - Os “coletes amarelos” estão determinados a voltar às ruas neste sábado, na França, para o quinto sábado de protestos, apesar das advertências do governo, que teme novos distúrbios e o impacto das manifestações na economia. Este movimento de franceses mobilizados a favor de uma justiça social e contra a política do governo, convocou para sábado novos protestos na capital francesa e em outras cidades do país. E isto apesar dos anúncios de segunda-feira do presidente Emmanuel Macron - que incluem um aumento em cem euros do salário mínimo - e os chamados a suspender as manifestações em um contexto de ameaça terrorista, reativado pelo atentado de Estrasburgo, que deixou quatro mortos na terça-feira, segundo o último balanço.

Nesta sexta-feira, o presidente Emmanuel Macron declarou que a França “precisa retornar ao seu funcionamento normal”. “Nosso país precisa de calma, de ordem”, afirmou Macron em Bruxelas, onde participa da cúpula da União Europeia. “Respondi às demandas dos coletes amarelos”, disse o chefe de Estado francês ao final do encontro. “O diálogo (...) não se faz com ocupação do espaço público e violência”, acrescentou.

Mas seus apelos podem não ser suficientes para desativar esta crise que sacode o país há um mês. “Não é o momento de se render, devemos continuar!”, exortou na quinta-feira um dos iniciadores do movimento, Eric Drouet, em um vídeo no Facebook. “O que Macron fez na segunda-feira nos faz querer continuar, porque ele começou a ceder e vindo dele é incomum”.

No Facebook, principal canal de mobilização desse movimento descentralizado, milhares de pessoas responderam aos apelos para se manifestarem pelo quinto sábado consecutivo. “O terrorista foi morto, já não há qualquer obstáculo para se manifestar. Coletes amarelos unidos no sábado!”, dizia uma mensagem em um dos grupos do movimento na rede social. O autor do ataque ao mercado de Natal de Estrasburgo (nordeste), Chérif Chekatt, foi morto pela polícia na quinta-feira à noite.

No entanto, após quatro sábados de protestos, dos quais três derivaram para violência com barricadas e saques, alguns são a favor de uma trégua. A associação Robin des Bus, que levou em seus ônibus “coletes amarelos” do norte da França até Paris, cancelou as viagens programadas para o sábado. É um sinal de que os manifestantes “não têm intenção de ir a Paris”, disse seu presidente, Thibault Vayron, à AFP.