Macron tenta acalmar os franceses Movimento sem líderes representa sobretudo a população de classe modesta, que considera que a política social e econômica beneficia os ricos

Publicação: 10/12/2018 03:00

A França aguarda ansiosamente pelo discurso que o presidente Emmanuel Macron pronunciará nesta segunda-feira para solucionar a crise dos “coletes amarelos”, após um novo dia de violentas manifestações no sábado, que terminou com quase 2.000 prisões.

Como já havia anunciado o primeiro-ministro, Édouard Philippe, no sábado e foi confirmado no domingo pelo Palácio do Eliseu, o presidente Macron “se dirigirá à Nação” em relação a essa crise hoje às 20h (17h horário de Brasília).

A presidência não deu mais detalhes sobre o aguardado pronunciamento. Segundo a ministra do Trabalho, Muriel Pénicaud, Macron, que receberá hoje pela manhã seus interlocutores sociais e representantes políticos, anunciará “medidas concretas e imediatas” para responder à crise.

O movimento desestruturado e sem líderes representa sobretudo a população de classe modesta, que considera que a política social e econômica de Macron beneficia os ricos. Ele teve início com manifestações contra a alta dos tributos sobre combustíveis, e se tornou um movimento popular contra a perda de poder aquisitivo e o próprio presidente.

Macron fez algumas concessões. Cancelou a alta dos tributos sobre combustíveis - que fazia parte de um plano para combater as mudanças climáticas - e congelou os preços do gás e da eletricidades durante os próximos meses.

Mas ele terá que fazer mais que isso para acalmar a cólera das ruas. Macron pronunciará um discurso à nação no começo desta semana, no qual anunciará “medidas” para “reunir toda a nação francesa”, adiantou no sábado à noite o primeiro-ministro, Edouard Philippe, que avaliou que “chegou a hora do diálogo”.

Na manhã de hoje, ele receberá sindicatos de trabalhadores e de organizações patronais. O diálogo é urgente após mais uma mobilização nacional marcada por atos violentos. Disparos de gases lacrimogêneos, carros incendiados, barricadas em chamas e estabelecimentos comerciais destruídos, distúrbios e saques em Bordeaux, Toulouse (ambas no sudoeste), Nantes (oeste) e Marselha (sudeste) e bloqueios de estrada em todo o país. As imagens de sábado voltaram a impactar a França e o mundo.

Segundo a Prefeitura de Paris, “houve mais prejuízos” materiais que na semana passada, apesar do deslocamento de cerca de 8 mil policiais (89 mil ao todo no país), apoiados por veículos blindados da gendarmeria. Ao todo, quase 2 mil pessoas foram presas na França, das quais 1,7 mil acabaram em prisão preventiva, segundo balanço definitivo de um dia em que 136 mil franceses foram às ruas.Segundo o  The Times, existem contas falsas alimentadas pela Rússia os protestos. (AFP)