VENEZUELA » Doações chegam a US$ 100 mi

Publicação: 16/02/2019 03:00

Representantes do presidente da Assembleia Nacional da Venezuela Juan Guaidó anunciaram na quinta-feira, durante conferência da Organização dos Estados Americanos (OEA), ter arrecadado mais de US$ 100 milhões em ajuda humanitária para o povo venezuelano.

A prioridade é fazer com que as doações cheguem à Venezuela no dia 23, conforme vem anunciando Guaidó, que foi reconhecido por quase 50 países como presidente interino.

Segundo David Smolansky, um dos nomes de oposição e parte da delegação de Guaidó na OEA, vários países se comprometeram com doações e logística para apoiar a chegada de ajuda humanitária à Venezuela. Os mais de US$ 100 milhões representam a soma do que já havia sido anunciado por nações como EUA e Canadá e novos compromissos de doação, feitos hoje, segundo a delegação venezuelana.

“Arrecadamos US$ 100 milhões de dólares e isso demonstra a solidariedade para a luta democrática na Venezuela. Essa é uma pequena parte de tudo que podemos alcançar uma vez que acabe a usurpação (de poder por Nicolás Maduro)”, afirmou o embaixador de Guaidó nos EUA, Carlos Vecchio. “Não há forma de resolver a profunda crise se não cessarmos a ditadura.”

Desde o reconhecimento de Guaidó por parte da comunidade internacional como presidente interino da Venezuela, países começaram a anunciar valores disponíveis para remédios e alimentos. Os EUA já haviam oferecido US$ 20 milhões para ajuda humanitária à Venezuela e o Canadá anunciou o equivalente a US$ 40 milhões. Além dos dois países, Alemanha, Holanda, Reino Unido e Taiwan se comprometeram com as doações, segundo os venezuelanos.

O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, disse que outras conferências como esta serão organizadas pela Venezuela. “A ajuda humanitária que a Venezuela mais precisa é uma mudança de regime, é a saída da ditadura usurpadora”, afirmou.

Os representantes de Guaidó convidaram empresários, diplomatas, especialistas e ONGs de 60 países para o que chamaram de Conferência Mundial da Crise Humanitária da Venezuela, organizada na sede da OEA, em Washington. A organização do evento chegou a anunciar a participação de Guaidó ao vivo no encerramento da conferência, mas a conexão não funcionou.

Lester Toledo, um dos nomes da oposição a Maduro, disse que a entrada dos alimentos e remédios será feita por meio dos venezuelanos. “Gente, gente e mais gente, organizadas, pacíficas”, afirmou Toledo. Uma das pontes por onde a ajuda humanitária entraria na semana passada foi bloqueada. O governo Maduro acusa os EUA de pretenderem usar a entrada da ajuda para um golpe de estado e a vice Delcy Rodríguez chegou a afirmar que os produtos enviados pela comunidade internacional eram contaminados e cancerígenos.
 
OEA propõe reformas por eleições na Venezuela
 
A Organização dos Estados Americanos (OEA) advertiu nessa sexta-feira que criar as condições mínimas necessárias para haver eleição imparcial na Venezuela exigirá um prazo indeterminado. Secretário para o fortalecimento da democracia da OEA, Francisco Guerrero afirmou que é fundamental a saída de Nicolás Maduro para que ocorra uma disputa eleitoral justa.

A declaração foi dada em sessão extraordinária do Conselho Permanente da OEA para analisar a crise venezuelana. “Pensar em eleições com a estrutura atual sem levar a cabo reformas urgentes e profundas não é factível nem desejável”, acrescentou Guerrero.

O embaixador venezuelano na OEA, Samuel Moncada, criticou a sessão, alegando que ela ocorreu mesmo com a objeção da própria Venezuela. Foi a primeira sessão celebrada pelo Conselho Permanente desde que em 10 de janeiro foi adotada uma resolução desconhecendo o mandato de Maduro, por se considerar que ele conseguiu sua reeleição em maio passado com fraudes.

Moncada disse que somente abandonaria a vaga correspondente à Venezuela se 24 países - dois terços dos membros - votassem a favor de suspender o país sul-americano durante uma Assembleia Geral convocada para esse fim. Até o momento, os países dispostos a condenar Maduro com uma suspensão na OEA não chegam a 24. (Agência Brasil)