Licitações abertas para estrangeiros Ministro Paulo Guedes anunciou, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, que o Brasil vai aderir ao sistema internacional de compras

Publicação: 22/01/2020 09:00

O Brasil vai aderir ao acordo internacional de compras governamentais (GPA, na sigla em inglês) do qual fazem parte países da Europa, Estados Unidos, China e Japão, entre outros. O anúncio foi feito ontem, pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, a jornalistas brasileiros durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. “Agora passamos a admitir empresas de fora para todas as compras que a gente fizer, (será) um tratamento isonômico”, explicou ele.

Segundo Guedes, a adesão faz parte de uma das promessas de campanha do presidente Jair Bolsonaro, de atacar a corrupção. “O Brasil está querendo entrar para primeira liga, para a primeira divisão de melhores práticas. Isso realmente é um ataque frontal à corrupção”, argumentou. “Um tema importante na campanha de Bolsonaro era acabar com a corrupção, e sabemos que boa parte da corrupção foi permitida realmente em coisas de governo: empreiteiras, obras governamentais, coisas desse tipo”, citou.

O ministro também afirmou que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve crescer 2,5% em 2020 - acima da última revisão realizada pela sua pasta, que projeta alta de 2,4% para a economia. Ele comparou a economia brasileira com uma “grande baleia, de dimensões continentais” e disse que o governo está “removendo os arpões que travavam o crescimento” do país.

No Fórum, Guedes quer mostrar que o Brasil, além de ser um país em recuperação econômica, tem uma democracia estável. Portanto, oferece um ambiente completo de boas oportunidades a investidores do mundo todo. Esse é o recado que o ministro quer passar para cerca de 50 executivos de empresas e representantes de governos com quem tem agenda durante o evento na Suíça.

“Ecos provocados pelos próprios brasileiros que se opõem ao governo deram uma ideia errônea aos investidores sobre o que tem acontecido. Eu vou apresentar os números [em reuniões a investidores]”, diz ele. “O Brasil tem uma democracia estável, pujante e que funciona, e os investidores precisam ter clareza disso”, disse o ministro à Folha.

O Fórum, que reúne representantes de governos, empresas e entidades dos mais diversos setores para tratar de temas como economia sustentável e quarta revolução industrial, ocorre de 21 a 24 de janeiro.

Trump e Greta

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aproveitou a celebração dos 50 anos do Fórum Econômico para fazer um discurso eleitoral. Perante um auditório lotado de convidados de todo o mundo, falou durante 50 minutos sobre seu governo, atribuiu à sua política uma prosperidade “sem precedente”, à qual chamou de “boom”, e declarou adesão a uma recém-lançada campanha de plantio de um trilhão de árvores. Sem mencionar o aquecimento global, por ele negado, o presidente americano criticou as previsões sombrias, classificadas por ele como “alarmistas”.

Greta Thunberg, a adolescente sueca que se tornou a paladino do combate à mudança climática, falou ao lado de outros jovens em Davos sobre a urgência de se conter e mitigar o aquecimento global.  “Não sou eu que reclamo de não ser ouvida, estou sendo ouvida o tempo todo. Mas em geral a ciência e a voz das pessoas mais jovens não estão no centro da conversa”, disse. (Folhapress e Estadão Conteúdo)