Pandemia pior do que a gripe suína O novo coronavírus matou quase três vezes mais do que o surto do vírus influenza H1N1, em 2008 e 2009, e quase cinco vezes mais do que o ebola

Publicação: 03/04/2020 03:00

Comuns na história, as epidemias deixam rastros de destruição. O novo coronavírus, com a primeira ocorrência oficial informada pelas autoridades chinesas em dezembro do ano passado, infectou mais de 1 milhão de pessoas e matou mais de 51 mil. Comparada à gripe suína e o ebola, surtos mais recentes, ela tem sido mais letal. Em relação a epidemias mais antigas, como a gripe espanhola, os seus números estão bem abaixo.

Quanto à última pandemia mundial, da gripe A (H1N1), popularmente conhecida como gripe suína, matou cerca de 18 mil em um período maior, entre 2009 e 2010, segundo balanço da OMS (Organização Mundial da Saúde). O vírus influenza H1N1 apresentava menor transmissibilidade e menor letalidade que a Covid-19.

Também havia dois antivirais contra a gripe suína, um deles o Tamiflu, que se mostraram efetivos no combate à epidemia. Na época do surto de H1N1, o Ministério da Saúde registrou quase 60 mil casos e pouco mais de duas mil mortes no Brasil.

Epidemias mais antigas, porém, deixaram um rastro de destruição maior. A gripe espanhola, em 1918, matou 75 milhões de pessoas no mundo. Um dos elementos-chave por trás de seu impacto é que ela parece ter sido mais grave quando infectava adultos jovens e saudáveis, enquanto outras formas da doença tendem a produzir mortes de bebês, idosos e pessoas com sistema imune mais debilitado.

Há boas razões para acreditar que parte dessa violência contra jovens saudáveis tem relação com a chamada tempestade de citocinas, uma reação descontrolada do sistema imune à presença do invasor. Fragilizados pelo vírus, os pulmões dos doentes também podiam sucumbir a infecções bacterianas, e há ainda relatos da época que falam em hemorragias no nariz, nos ouvidos e no sistema digestivo.

O avanço devastador do vírus (um tipo de influenza A H1N1, tal como o da gripe de 2009) foi facilitado pela falta quase total de imunidade natural das populações do planeta e pelo confinamento de jovens em quartéis e campos de batalha durante a Primeira Guerra, uma população aglomerada e sem anticorpos era um campo fértil para a doença.

A comparação de outras epidemias com a pandemia da Covid-19, porém, precisa ser feita com cautela. Se ainda hoje ocorre a subnotificação nos casos do novo coronavírus, os dados de doenças do passado não eram muito confiáveis. (Folhapress)

Epidemias

PESTE DE ATENAS


429 A.C.
Talvez uma forma de tifo, a peste teria levado à morte de até 100 mil pessoas

PESTE DE JUSTINIANO (provavelmente Peste Bubônica)

541 D.C.
Teria matado até 50 milhões de pessoas (40% da população da bacia do Mediterrâneo)

PESTE NEGRA

1346
Até 200 milhões de pessoas foram dizimadas na Europa, na Ásia e no norte da África

DOENÇAS INFECCIOSAS

1492
Colombo chega às Américas; doenças trazidas pelos europeus podem ter eliminado 90% ou mais da população indígena original

GRANDE PRAGA DE LONDRES

1665
Estimativas apontam que ela deixou 100 mil mortos na capital inglesa

PRIMEIRA PANDEMIA DE CÓLERA

1817
Espalha-se da Índia para países asiáticos, africanos e para a bacia do Mediterrâneo, matando centenas de milhares de pessoas

GRIPE ESPANHOLA

1918
Pode ter matado 75 milhões de pessoas no mundo todo

AIDS

DOS ANOS 1960 AO PRESENTE
Doença se espalha pelo mundo, matando cerca de 30 milhões de pessoas ao longo de várias décadas

H1N1

2009
Vírus H1N1, da gripe, mata cerca de 18 mil pessoas na pandemia de 2009 a 2010

EBOLA

2013-2016
Ebola leva à morte de mais de 11 mil pessoas na África