Demitido, preso e indiciado por matar A Justiça acusa de homicídio o policial Dereck Chauvin, filmado com os joelhos sobre o pescoço de George Floyd, um homem negro, nos Estados Unidos

Publicação: 30/05/2020 03:00

Após três noites de protestos pela morte do negro George Floyd, 46 anos, o prefeito de Minneapolis Jacob Frey declarou um estrito toque de recolher na cidade norte-americana, que fica no estado do Minnesota. A vítima estava desarmada e sob a custódia da polícia, tendo morrido após o agente Dereck Chauvin se ajoelhar sobre o seu pescoço. Demitido, o agente foi preso e denunciado por homicídio.

“O ex-policial de Minneapolis, Derek Chauvin, foi acusado pela procuradoria do condado de Hennepin por assassinato e homicídio culposo”, disse o procurador do condado, Mike Freeman, a jornalistas, especificando que a denúncia foi de homicídio preterdoloso (“third degree murder”, em inglês), quando a morte da vítima resulta da prática de outro crime.

Chauvin é um dos quatro agentes demitidos após a divulgação do vídeo que mostra a imobilização e prisão de George Floyd na segunda-feira por supostamente pagar uma loja usando uma nota falsa de US$ 20.  O vídeo mostra Floyd algemado e deitado no chão, sendo imobilizado na rua por Chauvin, que apoiou o próprio joelho sobre o pescoço do homem por ao menos cinco minutos.

Essas imagens culminaram em protestos carregados de revolta em Minneapolis, para onde tropas, incluindo 500 homens da Guarda Nacional do estão, foram enviadas na manhã desta sexta-feira, após a terceira noite de manifestações.  Na noite da quinta para a sexta-feira, a delegacia onde estava os quatros agentes foi incendiada. Antes, os manifestantes romperam uma barricada montada em frente à delegacia. Na noite da quarta, os manifestantes queimaram uma loja e saquearam outra na cidade.

Jacob Frey determinou que todas as pessoas esvaziassem as ruas de Minneapolis, desde a noite da sexta-feira, das 20h (22h de Brasília) às 6h, exceto membros da Polícia e da Guarda Nacional, deslocada para a cidade para manter a ordem, assim como o corpo de bombeiros e pessoal médico. Não há previsão de quantos dias deve durar o toque de recolher determinado pela prefeitura.  

Assim como em Minneapolis, protestos pela morte de Floyd eclodiram em várias cidades do país, incluindo Nova York, onde dezenas de manifestantes foram presos. Eles também ocorreram em Phoenix, Memphis e Denver. Em Louisville, Kentucky, sete pessoas relataram ferimentos por tiro em um protesto sobre a morte de Breonna Taylor, uma mulher negra baleada quando a polícia entrou em sua casa em março.

Mais protestos antirracistas ocorreram nesta sexta-feira, inclusive na capital federal Washington e em Houston, onde a família de George Floyd mora. Lideranças políticas, artísticas e negras se integraram ao grupo que criticaram o racismo nos Estados Unidos.

Embora tenha criticado o crime, o presidente Donald Trump ameaçou usar a força. “Esses bandidos estão desonrando a memória de George Floyd, e eu não deixarei que isso aconteça. Acabei de falar com o governador Tim Walz e lhe disse que o exército está completamente ao seu lado. Diante de qualquer dificuldade, assumiremos o controle, mas quando os saques começarem, os tiroteios começarão”, tuitou.

Líderes negros expressaram indignação pela morte de Floyd. “As pessoas estão furiosas porque estão frustradas por não ter sido o primeiro assassinato policial que viram no país”, disse Al Sharpton, importante ativista dos direitos dos negros. (Com AFP)