Júri condena ex-policial por morte de Floyd Sentença de Dereck Chauvin, acusado de cometer três crimes, será anunciada nas próximas semanas e pena total pode chegar a 75 anos de reclusão

Publicação: 21/04/2021 03:00

O ex-policial branco Derek Chauvin, 46 anos, foi considerado culpado ontem pela da morte do afro-americano George Floyd, que tinha 49 anos, depois de um julgamento que se tornou um símbolo da violência policial contra as minorias nos Estados Unidos.

Um júri em Minneapolis, norte dos Estados Unidos, deliberou por menos de 11 horas antes de considerar de forma unânime Chauvin culpado das três acusações de assassinato em segundo e terceiro grau e homicídio culposo das quais era alvo pela morte de Floyd em 25 de maio de 2020.

Uma multidão reunida em frente à corte no centro de Minneapolis explodiu de alegria quando o veredicto foi anunciado ao final de um julgamento de três semanas. Muitos se abraçavam e choravam de emoção.

No tribunal, Chauvin, vestindo terno e gravata e solto sob fiança, foi algemado depois que o juiz Peter Cahill leu as decisões unânimes do júri multirracial formado por sete mulheres e cinco homens.

O ex-policial estava de máscara e não demonstrou qualquer emoção ao ser escoltado para fora da sala do tribunal, enquanto o irmão de George Floyd, Philonise Floyd, abraçava os promotores.

Chauvin pode pegar até 40 anos de prisão pela acusação mais grave: assassinato em segundo grau. O juiz proferirá a sentença nas próximas semanas. A soma dos três crimes do qual o réu é acusado pode chegar a 75 anos de detenção.

Em 25 de maio de 2020, Chauvin foi filmado em vídeo ajoelhado por mais de nove minutos sobre o pescoço de George Floyd, mesmo quando o homem corpulento de 46 anos, algemado, implorava, “Por favor, não consigo respirar”.

As imagens, registradas por pedestres que testemunharam a prisão de Floyd, acusado de comprar cigarros com uma nota falsa de 20 dólares, foram assistidas por milhões de pessoas dentro e fora do país.

O veredicto contra ex-policial também vai afetar os três ex-colegas de Derek Chauvin - Alexander Kueng, Thomas Lane e Tou Thao -, que serão julgados em agosto por “cumplicidade em assassinato”.

BIDEN

O presidente norte-americano Joe Biden se disse “aliviado” ao saber do veredicto do ex-policial, durante uma conversa por telefone com familiares de Floyd que eles divulgaram nas redes sociais. “Estamos todos tão aliviados”, afirmou. “Vocês são uma família incrível. Teria adorado estar aí para abraçá-los”, acrescentou.

No Salão Oval, o presidente fez um pronunciamento formal sobre o veredicto transmitido pela televisão. Em sua fala, Biden denunciou o “racismo sistêmico” que “mancha” a alma dos Estados Unidos.

“O veredicto de culpa não trará George de volta”, disse o presidente. Mas pode marcar o momento de uma “mudança significativa”, acrescentou, pedindo unidade à nação para não deixar que os “extremistas que não têm nenhum interesse na justiça social” tenham “êxito”. Mais cedo, ele havia considerado as provas do crime “devastadoras”.  (AFP)