Sem presidente, Peru vive dias de tensão Júri Eleitoral ainda não proclamou o vencedor da eleição entre a candidata de direita, Keiko Fujimori, e o de esquerda, Pedro Castillo

Publicação: 15/06/2021 03:00

O Peru iniciou ontem mais uma semana de incertezas e pressões sobre o Júri Nacional Eleitoral (JNE), que deve resolver as contestações eleitorais e proclamar o vencedor da votação de 6 de junho entre a candidata de direita Keiko Fujimori e o de esquerda Pedro Castillo.  

Oito dias após as eleições, o JNE é criticado por Fujimori, enquanto o seu presidente, Jorge Luis Salas, avisa que a decisão das contestações leva “um tempo mínimo”, sem dar uma data para divulgar o veredito.  

Fujimori, que deve ir a julgamento por suposta lavagem de dinheiro se não ganhar a presidência, pediu ao JNE que anulasse os votos de centenas de assembleias e denunciou uma “fraude”, embora para observadores da OAS a votação tenha sido limpa e “sem irregularidades graves”.

Além disso, a advogada Milagros Takayama, do partido de Fujimori, o Força Popular, solicitou ontem a realização de uma “auditoria” do processo de digitalização das atas das assembleias de voto, em um novo questionamento ao órgão eleitoral (ONPE), enquanto Castillo, que colocou em dúvida apenas 14 mesas perante o JNE, pede “serenidade” a seus partidários, sentindo-se vitorioso.

O ONPE organiza as eleições e conta os votos, enquanto o JNE tenta apurar as denúncias envolvendo a eleição e proclama o vencedor.

“FRATURA SOCIAL”

A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, expressou sua preocupação sobre a tensão no Peru após as eleições e pediu “calma para evitar uma maior divisão social”.  

“Chamo-lhes à reflexão, calma e respeito pelos valores democráticos e de não discriminação”, declarou Bachelet, no Twitter.

O último cálculo do órgão eleitoral (ONPE) dá ao candidato de esquerda uma vantagem de 49 mil votos (50,14% contra os 49,86% de Fujimori) com 99,93% das urnas apuradas. O processo agora depende do que for resolvido pelo JNE em relação aos pedidos de impugnação.  

CONGRESSO

O JNE divulgou no domingo a distribuição das 130 cadeiras no Congresso que acompanharão o futuro presidente. As maiores bancadas serão do partido Peru Libre, de Castillo (37 cadeiras), e Fuerza Popular, de Fujimori (24), o que significa que o novo presidente terá que buscar alianças para seus projetos (66 votos para aprovar uma lei) ou para se salvar da destituição, um processo muito rápido no Peru, para o qual são necessários 87 votos. (AFP)