ALEMANHA » Papa emérito Bento 16 é acusado de inação em casos de pedofilia

Publicação: 21/01/2022 03:00

O papa emérito Bento 16 foi severamente criticado em um relatório independente apresentado ontem na Alemanha sobre agressões sexuais contra menores nas arquidioceses de Munique e Freising, que ele liderou entre 1977 e 1982. O então cardeal Joseph Ratzinger, antes de se tornar papa, não fez nada para afastar quatro clérigos suspeitos de abusos sexuais contra menores, disseram os advogados do escritório Westpfahl Spilker Wastl (WSW) neste relatório.

Bento 16, de 94 anos, expressou “comoção e vergonha” pela pedofilia na Igreja após a divulgação de um relatório que o acusa de passividade em casos de abuso infantil na Alemanha, disse seu secretário particular, monsenhor Georg Gänswein. Gänswein afirmou à imprensa que o papa emérito “ainda não leu o relatório de 1.000 páginas” envolvendo ele.

Dois dos casos implicam clérigos que cometeram várias agressões comprovadas, inclusive pelos tribunais. Os dois padres permaneceram dentro da Igreja e nada foi feito, segundo declarou o advogado Martin Pusch. Os especialistas disseram estarem convencidos de que Ratzinger estava ciente do passado pedófilo do padre Peter Hullermann, que chegou em 1980 da Renânia do Norte-Vestfália, na Baviera, onde continuou a praticar abusos por décadas sem ser incomodado.

No geral, o relatório denuncia o acobertamento sistemático de casos de violência contra menores entre 1945 e 2019 com o objetivo, segundo eles, de “proteger a instituição da Igreja”.

Há quatro anos, um relatório revelou que pelo menos 3.677 crianças foram agredidas sexualmente desde 1946 por mais de mil clérigos alemães. A maioria dos acusados nunca foi punida. (AFP)