O exemplo arrasta

Fernando Araújo
Advogado
fernandojparaujo@uol.com.br.

Publicação: 29/01/2014 03:00

Confúcio (551-479 a. C) foi um filósofo que pregou a necessidade da moral na vida pessoal e governamental, bem como a adoção de procedimentos corretos, adequados nas relações sociais. Enaltecia a sinceridade e a justiça. Dizia que os grandes homens ensinam mais com o exemplo do que com as palavras. Isso equivale a dizer: a palavra convence, mas o exemplo arrasta. De fato, somos influenciados pelas pessoas que admiramos. Imitamos suas atitudes. Daí que todos aqueles que possuem vida pública, artistas e políticos, por exemplo, precisam estar atentos ao seu comportamento, pois certamente serão seguidos e imitados.

Não pensa assim o jovem cantor canadense Justin Bieber, detentor de milhões de fãs em todo o mundo, a maioria jovem como ele. Dias atrás ele foi detido na madrugada em Miami. O que fazia? Segundo a polícia local, dirigia sob a influência de entorpecentes e álcool. Além disso, fazia um “racha” com um de seus amigos, o cantor de hip-hop Khalil Sharieff, pondo em risco a vida dos transeuntes. Preso, pagou fiança no valor equivalente a seis mil reais e vai responder ao processo em liberdade.

Fez questão de posar sorrindo na foto de sua ficha policial. Aliás, não foi essa a primeira patuscada de Bieber, pois ele já havia sido acusado de jogar ovos contra a casa de um vizinho na California e, durante sua última passagem pelo Brasil, em novembro de 2013, foi preso em flagrante grafitando o muro de um hotel na cidade do Rio de janeiro.

Tanto do ponto de vista moral quanto jurídico, Justin é passível de sanção. O seu talento e a sua consagração não lhe dão o poder de fazer o que bem entender. Em um estado de direito, ninguém está acima da lei. A liberdade exige responsabilidade. Muito mais dos ídolos, dos símbolos, de quem se espera os melhores exemplos, as melhores atitudes.

O homem, Justin, é um ser social por natureza. O seu direito vai ser sempre exercido na convivência com os semelhantes. Ser humano nenhum vale mais do que outro. Talvez isso lhe seja dito em uma de suas audiências judiciais. Ou por alguém que prive de sua intimidade, de modo a fazer valer a célebre advertência de Santo Agostinho, enquanto você é jovem: “Prefiro os que me criticam, porque me corrigem, aos que só me elogiam, porque me corrompem”.