Ramos André
Advogado
jramosandre@ig.com.br
Publicação: 10/06/2014 03:00
![]() |
Portugal teve a sua origem no presente com que Afonso VI de Leão gratificou Henrique da Borgonha, um destemido cavaleiro que veio ajudá-lo em 1094, na guerra contra os mouros no norte da península, onde começava a reconquista cristã. Os seguidores de Maomé, que no oriente já tinham subjugado os cristãos, em 711 atravessaram o estreito de Gibraltar, entraram na Europa, que foram conquistando e implantaram a sua religião. Reconhecendo a heroicidade e as vitórias de Henrique, Afonso deu-lhe em casamento a mão de sua filha Tereza e o Condado Portucalense.
O único filho dos condes, Afonso Henriques, assumiu o papel de defensor da fé cristã, instalando uma cruzada permanente contra a presença dos maometanos na costa atlântica da península, conquistando-lhes as cidades, substituindo ou transformando mesquitas em Igrejas cristãs. Mas foi na batalha de Ourique, 1139, que os portucalenses se deram conta de sua predestinação para a defesa e propagação da fé cristã. Batalha que ficou conhecida como o milagre de Ourique. Sem homens, sem estrutura, sem preparo e sem uma forte razão para o confronto, a não ser a missão divina do expulsar os infiéis, Afonso Henriques animou o seu pequeno exército narrando-lhe a visão que tivera na véspera, quando Cristo lhe anunciara que estaria presente ao seu lado na batalha.
A vitória foi retumbante face à grande diferença numérica dos contendores: cinco reis mouros e mais de 40 mil guerreiros contra a cruz de Cristo, símbolo de Afonso Henriques, aclamado como rei, e símbolo também da primeira bandeira do novo reino, Portugal. Os portugueses continuaram a luta pela expulsão dos infiéis até ao Algarve. Inebriados pelas vitórias e convencidos de sua missão de salvar a cristandade ameaçada, passaram a atacar os maometanos em sua própria casa, no norte de África, dando lugar ao terrível desastre de Alcácer Quibir, 1578, em cuja batalha o jovem Rei D. Sebastião desapareceu. Sem filhos, herdou o trono o seu primo Filipe II de Espanha. Durante sessenta anos Portugal perdeu a sua independência.
Mas a vocação não foi esquecida. Continuou cada vez mais firme na certeza que era o seu destino outorgado por Deus. Depois dos árabes vieram os outros povos, os pagãos, que precisavam de se converter. As descobertas tinham essa missão: dilatar a fé. As caravelas exibiam a cruz de Cristo e os primeiros atos nas terras encontradas era a celebração da missa de gratidão como aconteceu no Brasil em 26.04.1500, quando Frei Henrique de Coimbra, sob os olhares atentos e desconfiados dos índios, celebrou a primeira Missa, cuja cruz se encontra no museu da Sé de Braga. Assim continua até hoje o emigrante luso. Leva e propaga a sua fé. Missionar é o seu DNA.